O ex-presidente Michel Temer (MDB) voltou a falar sobre a investigação da PF (Polícia Federal) que indiciou o também ex-chefe do Executivo federal Jair Bolsonaro (PL) e militares de alta patente por supostamente planejarem um golpe de Estado em 2022.
Em entrevista à revista Veja, Temer afirmou que ainda não se pode condenar os indiciados, mas que há “indícios fortíssimos” da intentona golpista.
“A investigação tem que ser feita. Houve, por tudo o que se sabe, por tudo o que a Polícia Federal já levantou, indícios fortíssimos. Agora, eles estão sendo investigados”, afirmou Temer, se posicionando desta vez sobre as provas levantadas pela corporação.
“Acho que a partir daí é que se pode chegar a alguma conclusão. Se o ex-presidente sabia ou não sabia, ele nega permanentemente, eu não saberia dizer.” O ex-presidente também repetiu que, no caso em questão, “talvez uns e outros das Forças Armadas pretendessem”, mas que o conjunto delas “não quis o golpe”.
Para Temer, a hipótese de uma quebra institucional é “difícil”, já que avalia que “há uma consciência em todos os setores de que a democracia é o melhor sistema para o nosso País”. Sobre as invasões de 8 de Janeiro, o ex-presidente afirmou que o ataque representou uma “aspiração pelo golpe” e uma “agressão aos Três Poderes”, mas que “não prosperou”.
Há duas semanas, o emedebista foi questionado sobre o indiciamento de Bolsonaro pela trama golpistas, inclusive com plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). A resposta foi de que “não havia clima” para golpe no País, sem valorar as provas colhidas pela PF.
“Embora haja tentativas, o fato é que não vão adiante. Não vão adiante porque não há clima no País. E, convenhamos, golpe para valer, você só tem quando as Forças Armadas estão dispostas a fazer”, disse.
Na mesma ocasião, ele minimizou a participação de militares na tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após perder as eleições de 2022, afirmando que o plano era obra de “alguns militares”, e não das instituições como um todo. “Não foi a instituição como um todo. Seja Exército, Marinha, Aeronáutica, não participaram disso como instituição. Participaram figuras”, afirmou. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)