STJ concede à associação paulista direito de plantar maconha

Plantio visa fins medicinais. Ministério Público de São Paulo arquivou em setembro investigação contra o grupo, formado em grande parte por idosos

 

A quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu a uma associação de Peruíbe (SP) um habeas corpus que permite aos atuais membros grupo plantar maconha para fins medicinais. É a primeira vez que o STJ concede um benefício do gênero a uma organização e não a indivíduos ou famílias. A decisão é de agosto deste ano, mas só foi divulgada nesta terça-feira (15).

A associação, formada em grande parte por idosos, reúne portadores de dor crônica, Mal de Parkinson, depressão e outras doenças. No início do mês, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) arquivou um inquérito contra o grupo. No momento, o habeas corpus abrange apenas os 18 membros da associação Cannapis, com receita e laudo médico compatível.

O grupo prepara ainda uma Ação Civil em face da Anvisa e da União para estender o direito a novos associados, segundo o advogado Natan Duek. O caso chegou ao STJ após a quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região negar o habeas corpus. Para os desembargadores, não seria possível garantir que o plantio “abrangerá apenas os pacientes mencionados (…), uma vez que a associação poderá ser constituída por um número ilimitado de associados”.

A ministra Daniela Teixeira, no entanto, entendeu que todos os requisitos para a concessão do habeas corpus estavam contemplados, como a devida autorização médica dos membros da associação. A imposição de outras condições, na avaliação da magistrada, iria além do atual entendimento existente na Justiça brasileira.

O grupo cultiva a cannabis desde 2022 sob supervisão do presidente da associação, que é técnico-agrônomo. A Cannapis foi alvo de um mandado de busca e apreensão em abril deste ano, após uma denúncia ser feita à Polícia Civil de São Paulo quanto ao plantio de maconha em um imóvel.

O presidente do grupo acabou preso em flagrante no episódio, mas solto na audiência de custódia. Neste mês, em 2 de setembro, o Ministério Público de São Paulo arquivou o inquérito existente contra a associação sob o argumento de que o cultivo da cannabis para fins medicinais não é “ameaça à saúde pública ou à segurança coletiva”.

(Foto: Guillem Sartorio/AFP)

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