Simone Biles rebate declaração racista de Trump após ouro nas Olimpíadas: ‘Amo meu trabalho de negra’

Mensagem faz referência à fala do ex-presidente em que sugeriu que imigrantes ilegais estariam ‘tomando trabalhos de negros’

 

A bicampeã olímpica de ginástica artística, Simone Biles, respondeu nesta sexta-feira (2) a uma declaração controversa do ex-presidente e candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump. Em uma publicação nas redes sociais, Biles escreveu: “Eu amo meu trabalho de negra”, em aparente resposta a comentários de Trump feitos durante o debate presidencial de 27 de junho.

Na ocasião, Trump fez uma referência depreciativa aos “black jobs” (empregos de negros), afirmando que “eles (os norte-americanos) estão aceitando empregos negros e hispânicos, e você ainda não sabe, mas verá um momento que será o pior da nossa história”. Trump busca desesperadamente o voto dos negros, por isso a frase, que tentava ser um aceno e foi apenas racista.

A atleta compartilhou uma postagem do cantor Ricky Davila que trazia fotos da ginasta com a medalha de ouro e escrevia “Simone Biles sendo a GOAT (‘Greatest of All Time’, ‘Melhor de Todos os Tempos’ em português), ganhando medalhas de ouro e dominando a ginástica é seu trabalho de negro”.

Ao compartilhar a publicação, a medalhista olímpica escreveu: “Eu amo meu trabalho de negra”, junto a um coração preto. A mensagem foi interpretada como uma indireta à fala de Trump, que recebeu críticas especialmente da comunidade negra dos EUA. A declaração do ex-presidente ocorreu durante uma entrevista a profissionais negros na Convenção Anual da Associação Nacional de Jornalistas Negros dos Estados Unidos (NABJ, da sigla em inglês), em Chicago, na última quarta-feira (31).

No evento, a apresentadora da emissora de televisão americana FOX News Harris Faulkner mencionou que os EUA estão divididos em temas como identidade racial e perguntou a Trump qual é a mensagem do ex-presidente sobre o assunto. “Minha mensagem é impedir as pessoas de invadirem nosso país, que estão trazendo consigo uma série de problemas, e um dos grandes problemas (…) (é) que vindo da fronteira estão milhões e milhões de pessoas que estão tomando os trabalhos dos negros”, disse o candidato.

Rapidamente, outra entrevistadora interrompe Trump e o questiona sobre o que seria exatamente um “trabalho de negro”. O republicano responde que “um trabalho de negro é qualquer pessoa que tenha um trabalho”, mas repete que os imigrantes ilegais “estão tirando o trabalho dos negros”: “Essas pessoas estão vindo para o nosso país e tomando o trabalho de negros e hispânicos.”

A fala não foi a única durante a entrevista que gerou críticas. Na mesma ocasião, o republicano questionou a identidade racial da atual vice-presidente, e sua provável oponente na disputa à Presidência, Kamala Harris. Ao ser questionado sobre falas de outros republicanos e apoiadores que sugerem que Kamala utilizaria sua identidade como pessoa negra e de ascendência asiática para fins políticos, Trump disse que “nem sabia que ela era negra”: “Ela sempre foi de origem indiana, só promovia a herança indiana. Eu não sabia que ela era negra até alguns anos atrás, quando por acaso ela se tornou negra, e agora quer ser conhecida como negra”, disse.

Kamala é filha de imigrantes, sua mãe era indiana, e seu pai é jamaicano. Em 2020, se tornou a primeira mulher, a primeira pessoa negra e a primeira de ascendência indiana a ocupar o cargo de vice-presidente.

Durante a entrevista, Trump foi questionado por que a população negra deveria confiar no candidato diante do seu histórico de xingamentos e acusações falsas a americanos negros – como ao afirmar que Barack Obama, ex-presidente dos EUA, não teria nascido no país. “Eu amo a população negra deste país, fiz tanto por eles (…) fui o melhor presidente para a população negra desde Abraham Lincoln, essa é a minha resposta”, respondeu Trump.

(Foto: Loïc Venace / AFP)

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