Estudos na mesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), avaliam que o combate ao contrabando no comércio eletrônico pode resultar numa receita anual, para o governo, da ordem de até R$ 8 bilhões através da regularização do setor.
Essa seria uma das medidas para elevar a arrecadação do governo federal,
O combate ao contrabando no e-commerce visa enquadrar empresas internacionais de varejo que não estão pagando os impostos devidos.
Empresas como Shein e AliExpress estariam no binóculo da área tributária do governo.
Nesta terça-feira, 4, em entrevista à porta do Ministério da Fazenda, Fernando Haddad não mencionou nomes das empresas possivelmente alvo das tributação, mas destacou que quem não está pagando os impostos, começará a pagar.
“O problema todo é o contrabando. O comércio eletrônico faz bem para o país, estimula a concorrência, o que nós temos que coibir é o contrabando, porque está prejudicando muito as empresas brasileiras que pagam impostos”, disse Haddad.
O ministro ainda completa que todas as empresas podem operar no Brasil, desde que exista uma concorrência saudável com quem paga imposto para o país.
Varejo brasileiro
Sobre o assunto, a comandante do grupo Magazine Luiza, Luiza Trajano, reforçou a competição desleal entre os comércios eletrônicos brasileiros e os chineses: “não tem jeito de competir se você paga 37% de imposto e o outro não paga”.
A fala da empresária foi reforçada por Raphael Carnavalli, Marketing and Sales Director da Frete Rápido, em entrevista ao Canaltech.
O especialista explica que um lado precisa pagar para importar, enquanto os consumidores de sites estrangeiro, quase sempre, não pagam um imposto por isso.
Para ele, a taxação é justa e vai estimular o mercado interno brasileiro, visto que se tornará mais vantajoso consumir de comerciantes nacionais.
“Mesmo o preço sendo um pouco maior, a vantagem do SAC e reversa falarão mais alto na decisão de compra”, afirma.
Considerando o acordo entre Brasil e China para conversão direta entre suas moedas, Carnavalli comenta sobre a situação das lojas brasileiras que trabalham com produtos importados:
“Uma vez que o lojista já paga o seu imposto e, melhor ainda, pagar em uma conversão direta, a vantagem na precificação será enorme e assim conquista ainda mais o cliente. Já o consumidor pensará mais em comprar de um site chinês sendo que no Brasil encontrará o mesmo produto e pelo mesmo preço. Claro que os chineses estão sempre à frente de produtos inovadores, não creio que as comprar irão cair drasticamente, mas cairão pelos produtos mais comprados por aqui”, disse Raphael Carnavalli.
Foto, Apps da Shopee, Shein e AliExpress ( Getty Images via BBC)