Brasil tem mais de 9,8 milhões de pessoas de 14 a 29 anos nessa situação que não concluíram a educação básica. Levantamento da Fundação Roberto Marinho e do Itaú Educação e Trabalho ouviu 1,6 mil pessoas
Apesar do denso volume de jovens brasileiros fora da escola e com os estudos incompletos, a maioria (73%) gostaria de voltar às aulas. Segundo levantamento da Fundação Roberto Marinho e do Itaú Educação e Trabalho, as principais dificuldades na retomada são as necessidades de trabalhar e de cuidar da família. A pesquisa “Juventudes fora da escola” ouviu 1,6 mil jovens de 15 a 29 anos que não concluíram a Educação Básica e nem estão estudando atualmente.
Essa realidade que acomete mais de 9 milhões de brasileiros dessa faixa etária, conforme dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesse grupo, há uma forte desigualdade, que faz com que a evasão aconteça mais entre pessoas com deficiência, do meio rural, os 25% mais pobres, indígenas, pretos e pardos.
Dos 27% que não manifestaram interesse em voltar a estudar, 32% responderam que o motivo é a necessidade de trabalhar e 17% que precisam cuidar da família – neste último, o percentual entre as mulheres respondentes foi de 34%, contra 8% entre os homens. Mais da metade (51%) dos jovens que não têm a intenção de retomar os estudos diz ter medo de não conseguir acompanhar as aulas se o fizer.
Os evadidos que pretendem se formar, contudo, têm consciência das vantagens que existem se terminarem o Ensino Médio. Desses, 52% responderam que querem voltar às aulas para conseguirem um emprego ou terem um trabalho melhor. Outros 28% dizem que isso os permitiria fazer faculdade e ter uma profissão.
Para mudar essa realidade, o estudo trouxe, ainda, uma avaliação sobre as ações implementadas no Brasil e no mundo. A solução trazida é um conjunto de políticas públicas, que incluem bolsas de incentivo, fortalecimento da educação de jovens e adultos (EJA), da educação profissional, de programas como o Jovem Aprendiz, do Ensino Médio noturno, da busca ativa, da matrícula facilitada, do acolhimento a jovens mães, da oferta de reforço, da identificação preventiva de estudantes com risco de evadir e a melhoria do clima escolar.
Perfil sociodemográfico dos jovens que não estudam e não concluíram a Educação Básica:
Homens: 58%
Negros: 70%
Não têm mais idade para frequentar o ensino regular: 86%
(Foto: Getty Images)