Segundo a Folha de S. Paulo, o setor de combate à desinformação do TSE forneceu material ao gabinete de Moraes no STF. Ministro destacou que matérias sobre o caso não o preocupam e disse que tudo foi documentado em sua gestão
Em seu primeiro pronunciamento público após ser acusado de usar o gabinete fora do rito oficial para embasar decisões no inquérito das fake News, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que seria “esquizofrênico” se auto-oficiar, pois ele era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à época dos fatos narrados pelo jornal Folha de São Paulo.
A declaração foi feita só no fim da tarde desta quarta-feira (14). Como presidente da Corte Eleitoral, Moraes tinha o poder de polícia e não precisava oficializar os pedidos para ele mesmo. “Seria esquizofrênico, como presidente do TSE, me auto-oficiar. Como presidente, tenho poder de polícia e posso, pela lei, determinar a feitura dos relatórios”, disse o magistrado.
A fala se refere às suposições da Folha de S. Paulo de que o magistrado teria usado mensagens, de forma não oficial, para ordenar que a Justiça Eleitoral produzisse relatórios com o objetivo de embasar decisões no inquérito das fake news. A Folha afirmou, ontem, ter acesso a 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp por auxiliares de Moraes. Segundo o jornal, o ministro “escolhia” pessoas a serem investigadas pelo órgão de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), comandado por ele entre 2022 e 2024.
Moraes afirmou que todas as solicitações foram devidamente documentadas sobre o andamento do inquérito e que todas as defesas estavam cientes. O ministro ressaltou que está tranquilo diante da repercussão do caso. “Nenhuma das matérias preocupa meu gabinete, me preocupa”, disse. “As matérias [do jornal] se referiram a três, quatro, cinco, seis, sete, oito pedidos de relatórios todos documentados”, completou.
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)