Senado fará homenagem a 7ª edição da Marcha das Margaridas

O Senado Federal realiza na próxima terça-feira (15), às 9h, uma sessão especial em homenagem a Marcha das Margaridas. Trata-se da maior ação política de mulheres da América Latina com protagonismo das mulheres do campo, da floresta e das águas, coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e 16 organizações parceiras. O evento que acontece a cada quatro anos, está na sua  sétima edição e será realizada nos próximos dias 15 e 16. A expectativa do movimento é reunir na capital federal cerca de 150 mil mulheres que tomarão a Esplanada dos Ministérios pela retomada das conquistas e dos espaços institucionais perdidos nos últimos anos. A marcha deste ano tem como objetivo central a luta pela “Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”.

O requerimento para a homenagem foi apresentado pelo senador Beto Faro (PT-PA), que destaca a mobilização das mulheres como uma marcha mundial das mulheres. A sessão especial sinaliza o compromisso da Casa em legislar em favor das causas que desafiam a mulher brasileira e tornam o país tão desigual, apesar dos avanços. Alguns detalhes estão sendo preparados para uma sessão onde a regra é bem acolher as participantes da Marcha. Mas o objetivo central é aproximar o movimento da pauta legislativa construída por elas, que busca transformar reivindicações em leis e, ao mesmo tempo, estimular a participação política e fortalecer a atuação do Senado como arena de debate para os grandes temas relacionados aos direitos da mulher.

O senador Beto Faro, que é filho de agricultor familiar e cresceu lutando por Reforma Agrária, lembra que a maioria das mais de 100 mil mulheres, esperadas em Brasília, é filiada a sindicatos e federações de todo o país. “Elas trarão a esta casa uma ampla pauta de reivindicações que é fruto de diálogos, proposições para o enfrentamento das principais questões que desafiam o Brasil: a fome, a violência a necessidade de regularização fundiária e a reforma agrária”, afirma o parlamentar.

Senador Beto Faro (PT-PA) – (Foto: Gustavo Bezerra)

A discussão da terra é central para as mulheres e vem desde 2000 quando foi realizada a primeira marcha das margaridas. De acordo com o Senador que acompanhou de perto essa luta como dirigente da Fetagri, as dificuldades passavam pela falta de acesso à terra. “Com o avanço dos assentamentos pelo país e as desapropriações em 2002, o desafio passou a ser o título da terra em nome das mulheres chefes de família. A luta das mulheres mudou isso”, observa.

De acordo com o senador Faro, as mulheres têm ação fundamental nos processos produtivos. Exemplo disso são as agricultoras do Rio Grande do Norte que se uniram para plantar em quintais coletivos. “No meu estado as mulheres estão transformando quintais urbanos em locais produtivos. São os chamados quintais amazônicos. Para se ter uma ideia, esse projeto conta com a participação de cerca de 70 famílias e deixa pátios de casas nas áreas urbanas cheios de frutos, hortaliças, raízes, flores e outras plantas”.

Para Beto Faro, é no campo político que as causas se resolvem. Ele aponta a necessidade de estruturar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em todo o país, de dar uma resposta às pendências do passado, como a não liberação de crédito aos assentamentos rurais. Muitos não tiveram o desenvolvimento esperado por falta de investimentos. “Precisamos recuperar o tempo perdido, fazer a regularização fundiária que acentuam as desigualdades sociais e impactam no êxodo rural, no combate à fome. A terra é central”, conclui ele.

(Foto: Rafael Tatemoto)

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