A Academia Brasileira de Cinema revelou quais são as produções finalistas que concorrem a uma vaga na premiação mais importante do cinema. “Ainda Estou Aqui” desponta como favorito após fazer sucesso em festivais internacionais
A Academia Brasileira de Cinema divulgou nesta segunda-feira (16) a lista com os seis filmes brasileiros que vão concorrer a uma vaga para representar o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2025. Os seis filmes foram pré-selecionados de uma lista com 12. A obra escolhida para representar o Brasil no Oscar 2025 será anunciada na próxima segunda-feira (23).
Os longas são: “Ainda estou aqui”, de Walter Salles; “Cidade; campo”, de Juliana Rojas; “Levante”, de Lillah Halla; “Motel Destino”, de Karim Aïnouz; “Saudade fez morada aqui dentro”, de Haroldo Borges; e “Sem coração”, de Nara Normande e Tião.
Antes da pré-seleção, outros seis longas tentavam uma indicação: “A Metade de Nós”, de Flávio Botelho; “Estômago 2 – O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge; “Ninguém Sai Vivo Daqui”, de André Ristum; “O Sequestro do Voo 375”, de Marcus Baldini; “Vermelho Monet”, de Halder Gomes; e “Votos”, de Ângela Patrícia Reiniger.
A última vez que o Brasil disputou a categoria de Melhor Filme Internacional foi com um trabalho de Salles com Fernanda Montenegro — “Central do Brasil”, em 1999. Para concorrer, os filmes brasileiros precisam ter estreado em salas de cinema entre 1º de novembro de 2023 e 30 de setembro de 2024, ficando em cartaz por pelo menos sete dias consecutivos. Além disso, os candidatos não podem ter sido exibidos em televisão aberta, fechada ou plataformas de streaming antes do lançamento comercial no cinema.
A Comissão de Seleção deste ano é presidida por Barbara Paz e traz entre seus membros Allan Deberton (CE), Andre Pellenz (RJ), Bernardo Uzeda (RJ), Bia Oliveira (RJ), Carol Bentes (RJ), Cíntia Domit Bittar (SC), Diogo Dahl (RJ), Edson Ferreira (ES), Eloisa Lopez-Gomez (SP), Flavio Tambellini (RJ), Gabriel Mellin (RJ), Gláucia Camargos (RJ), Ilana Brakarz (RJ), Leo M. Barros (RJ), Lô Politi (SP), Lucy Barreto (RJ), Malu Miranda (RJ), Marcelo Serrado (RJ), Monica Trigo (SP), Plinio Profeta (RJ), Renata Martins (SP), Sandra Kogut (RJ), Gal Buitoni (SP) e Alfredo Alves (MG).
Favorito
“Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, é considerado o favorito, visto que o longa conquistou o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza e foi ovacionado no Festival de Toronto, o que gerou uma série de elogios da imprensa internacional.
O novo filme de Walter Salles, “Ainda Estou Aqui”, que traz no elenco Fernanda Torres (Eunice Paiva) e Selton Mello (Rubens Paiva), foi ovacionado no Festival de Toronto e aplaudido de pé, algo que, diferente do Festival de Veneza, não é comum.
Com isso, o novo longa-metragem de Walter Salles, que narra a história de Eunice Paiva, que sai em busca de seu marido, Rubens Paiva, preso e assassinado pela ditadura, caiu nas graças da imprensa e ganhou um apostador de peso: a revista The Hollywood Reporter, uma das publicações mais influentes e importantes do mundo sobre cinema e cultura pop.
Em texto assinado por Scott Feinberg, especialista em premiações, ele afirma: “‘Ainda Estou Aqui’ pode levar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.”
“Com a possível exceção do longa de animação The Wild Robot, nenhum filme que teve sua estreia mundial ou norte-americana no Festival Internacional de Cinema de Toronto de 2024 foi mais calorosamente recebido do que I’m Still Here, o retrato profundamente comovente de Walter Salles da experiência de uma família sob a ditadura militar que governou o Brasil de 1964 a 1985”, diz o início do texto publicado no Hollywood Reporter.
O jornalista também destaca o fato de o filme de Walter Salles ter sido aplaudido de pé. “Depois de ser revelado na semana passada no Festival de Cinema de Veneza, onde o júri lhe concedeu o prêmio de melhor roteiro, o filme estreou em Toronto no TIFF Lightbox na tarde de segunda-feira, onde — na presença de Salles e das estrelas Fernanda Torres e Selton Mello — foi recebido com uma entusiástica ovação de pé de um minuto. (Ao contrário de Cannes e Veneza, Toronto não é um festival onde aplausos de pé de qualquer duração são garantidos)”, afirma.
O trabalho de Walter Salles é classificado como “poderoso” pelo jornalista. “‘Ainda Estou Aqui’ foi adaptado do livro Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva, de 2015, por Murilo Hauser e Heitor Lorega, e centra-se na família Paiva, com quem o próprio Salles cresceu. Torres, em uma reviravolta contida, mas poderosa, interpreta a matriarca de um clã com cinco filhos, antes e depois de seu patriarca gregário, o ex-deputado do Partido Trabalhista Rubens Paiva, desaparecer repentinamente.”
Em outro momento, a publicação afirma que “Ainda Estou Aqui” pode ser indicado ao Oscar. “I’m Still Here faz um trabalho comparativamente poderoso ao abordar sua história e, com o apoio entusiástico da distribuidora norte-americana Sony Classics, tem uma chance muito forte de conseguir uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional (ao lado de outra favorita dos fãs do TIFF ’24, a provável entrada da França, Emilia Pérez).”
Ao término do texto, a publicação afirma que “Ainda Estou Aqui” também pode ser indicado para o Oscar de Melhor Atriz (Fernanda Torres) e Melhor Roteiro (prêmio que levou em Veneza). “Torres, que é filha de Montenegro, certamente poderia seguir seus passos. (Montenegro, agora com 94 anos, interpreta a versão mais velha de Torres em uma participação especial em I’m Still Here.) E o roteiro de Hauser e Lorega também não deve ser descartado da disputa de Melhor Roteiro Adaptado”, conclui o texto.
Confira abaixo a lista dos filmes que concorrem a uma vaga no Oscar 2025:
- “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles
- “Cidade; Campo”, de Juliana Rojas
- “Levante”, de Lillah Halla
- “Motel Destino”, de Karim Ainouz
- “Saudade Fez Morada Aqui Dentro”, de Haroldo Borges
- “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião
( Foto: Divulgação)