Desde as 8 horas deste domingo (13), o Equador está nas urnas, em um disputado segundo turno eleitoral, para escolher quem será o líder do país nos próximos quatro anos: o presidente em exercício, Daniel Noboa, ou a legisladora Luisa González, representante da Revolução Cidadã.
Uma matéria da Prensa Latina ressalta que a eleição acontece em um ambiente de intensa tensão política e social, marcada por alegações de desigualdade na concorrência, militarização e insegurança. Noboa, um jovem de 37 anos e herdeiro de uma das famílias mais abastadas do país, busca reafirmar seu poder após ter conquistado o pleito extraordinário de 2023, realizado após a chamada “morte cruzada”, que resultou na remoção do então presidente Guillermo Lasso. Por sua vez, González, uma advogada de 47 anos e a única mulher na competição, representa a Revolução Cidadã e propõe uma mudança progressista, com uma maior intervenção do Estado na economia e a implementação de políticas de inclusão social.
A primeira fase, ocorrida em fevereiro, acabou com um resultado quase igual, com uma ligeira vantagem de 0,17 ponto percentual para Noboa. Analistas indicam que o segundo turno será decidido de forma bastante acirrada, em um contexto de intensa polarização.
Diversos grupos sociais, incluindo indígenas, agricultores, acadêmicos, artistas e operários, manifestaram sua adesão a González, reconhecendo em sua candidatura uma proposta popular que pode combater a insegurança, o desemprego e a deterioração dos serviços públicos.
Ao longo da campanha, o movimento Revolução Cidadã destacou a existência de uma “competição desigual“, apontando o apoio claro do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ao atual presidente. Noboa, por outro lado, enfrentou críticas por não ter pedido a licença constitucional exigida à Assembleia Nacional para se candidatar à reeleição e por supostamente usar recursos públicos em favor da sua imagem.
Apesar das polêmicas, o CNE não implementou ações corretivas. A situação se tornou mais crítica com a declaração de estado de emergência um dia antes da votação, o que analistas consideraram uma estratégia para instaurar um ambiente de exceção que beneficiasse a continuidade de Noboa no cargo.
A situação de insegurança no Equador é uma das mais sérias da América Latina.
Historicamente pacífico, o país se transformou em um corredor para o tráfico internacional de narcóticos, levando a um aumento preocupante da violência. Noboa, seguindo o padrão norte-americano de enfrentamento ao crime, tem procurado colaborar com empresas de segurança privada, como a Blackwater, criada por Erik Prince – uma personalidade polêmica associada à guerra no Iraque e a mercenários.
“O povo anseia por segurança, mas não deseja abrir mão de sua soberania“, afirmou González em um recente comício. “Não podemos permitir que o território do Equador seja militarizado em função de interesses externos ou de corporações com um passado de violações aos direitos humanos.”
A deputada se compromete a impulsionar a economia através de investimentos públicos e da valorização do trabalho. Em contrapartida, seu oponente promove políticas neoliberais, que incluem a atração de capital estrangeiro, a privatização de estatais e a flexibilização das regras do mercado de trabalho.
Neste domingo, mais de 13,7 milhões de cidadãos equatorianos irão às urnas. Eles terão a tarefa de escolher entre duas trajetórias diferentes: um plano que promete controle por meio de repressão e parcerias internacionais, e outro que foca na democracia, na soberania e na revitalização do Estado de bem-estar social.
As consequências afetarão não apenas o porvir do Equador, mas também a estabilidade política na América do Sul. (Foto: Reprodução)