Salabert sobre a CPMI dos atos golpistas: ‘Com certeza, vai atingir o bolsonarismo’

Parlamentar será membro titular do colegiado que irá investigar os atentados terroristas do dia 8 de janeiro, que destruiu as sedes dos três poderes, em Brasília. Comissão Parlamentar Mista de Inquérito será instalada na manha desta quinta-feira.

 

A deputada Duda Salabert (MG) será o nome do PDT na bancada governista da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de Janeiro — quando foram invadidos e depredados os edifícios sedes dos três poderes  — que será instalada nesta quinta-feira (25), às 9h. De acordo com a parlamentar, a bancada governista está focada em desvendar os organizadores e financiadores dos atos terroristas e garantir que eles sejam responsabilizados.

Além disso, ela ressaltou uma preocupação com o embate político com a ala bolsonarista do colegiado, que se mostra mais preocupada em utilizar o espaço para conquistar visibilidade. “A estratégia é tentar qualificar o debate e não transformar aquele espaço importante de investigação em um show de horrores, em um circo buscando likes e engajamento. Já no ponto de vista do que se refere ao que aconteceu no dia 8 de janeiro, a gente vai buscar e encontrar quem financiou aquele atentado”, disse a deputada à reportagem do Opinião em Pauta.

“E pode chegar ao caso de ter que investigar os deputados e senadores que estão na própria CPMI. Isso porque a gente sabe que houve uma relação direta da ultradireita com o atentado terrorista no dia 8 de janeiro”, completou Salabert, ressaltando que as investigações podem não chegar ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que deverá ser muito blindado pelos seus aliados, mas que, “com certeza, vai atingir o bolsonarismo”.

 

Para deputada Duda Salabert a participação dela e da deputada Erika Hilton na CPMI dos atos golpistas representa a vitória da democracia. “A democracia pressupõe não só uma diversidade partidária, ideológica, mas também uma diversidade de gêneros e de corpos”. (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

 

Confira a conversa que a reportagem do Opinião em Pauta fez com a deputada Duda Salabert no plenário da Câmara dos Deputados:

 

A senhora será a representante do PDT na base governista da CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro. O seu partido fez uma escolha por um nome novo no Congresso, enquanto outras siglas aliadas optaram por nomes com mais experiência nos embates da Casa. Qual a estratégia em torno da escolha do seu nome?  

A estratégia é tentar qualificar o debate e não transformar aquele espaço importante de investigação em um show de horrores, em um circo buscando likes e engajamento. E agora, no ponto de vista, estratégico no que se refere ao que aconteceu, no dia 8 de janeiro, a gente vai buscar e encontrar quem financiou aquele atentado. Com certeza, há muito dinheiro envolvido ali e nós queremos chegar aos financiadores.

 

A oposição está montando uma tropa de choque forte, com a presença de muitos nomes com grande influência no ambiente digital. Essa também é uma preocupação da base do governo, de não deixar os opositores usarem a CPMI de palanque?

Não vamos nos preocupar com isso, até porque muitos nomes da oposição que estão compondo ali podem, inclusive, ter relação com os golpes contra o governo e com atentado golpista de 8 de janeiro. Então, pode chegar ao caso de ter que investigar os deputados e senadores que estão na própria CPMI. Porque a gente sabe que houve uma relação direta da ultradireita com o atentado terrorista no dia oito de janeiro.

 

Do momento em que a oposição sugeriu essa CPMI até esta semana, quando ela vai ser instalada, muitos fatos ocorreram para que eles se arrependessem da sua criação. As investigações pela Polícia Federal no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, cheio de diálogos com teor golpista, é um exemplo. A senhora também acredita que a CPMI será um tiro no pé da oposição e de que ela deve complicar ainda mais a situação do ex-presidente Bolsonaro?

Não tenho certeza de que essa CPMI vai chegar ao Bolsonaro. As investigações vão mostrar isso. Mas, com certeza, ela vai atingir o bolsonarismo.

 

Até o inicio deste ano, o Congresso Nacional não tinha nenhuma representante trans. Agora, a Câmara já tem uma bancada com a presença da senhora e da deputada Erika Hilton (PSOL-SP).  E ambas participarão da CPMI dos atos golpistas, que deverá monopolizar as atenções do legislativo nos próximos meses. Qual a importância de ocupar mais esse espaço aqui nessa Casa?

A vitória da democracia. Porque a democracia pressupõe não só uma diversidade partidária, ideológica, mas também uma diversidade de gêneros e de corpos.

 

(Foto: Reprodução/Facebook de Duda Salabert)

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