O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta sexta-feira (23) a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
Foi o primeiro encontro dos dois após o resultado do segundo turno.
A reunião não permitiu definir o espaço que a parlamentar, que teve um papel decisivo na vitória de Lula, ocupará no novo governo.
Após conversar com Simone, Lula conversou com a deputada eleita por São Paulo Marina Silva, da Rede. Mas a questão não foi resolvida.
O presidente eleito embarcou para São Paulo levando consigo no voo Simone Tebet.
Lula ofereceu à senadora os ministérios de Planejamento, que ela recusou de pronto, e do Meio Ambiente (MMA).
Nesse caso, Tebet respondeu que não aceitaria enquanto não fosse resolvida a participação no governo da ex-ministra Marina Silva (Rede), deputada federal eleita por São Paulo e nome simbólico da luta pelo desenvolvimento sustentável no país.
À tarde, Lula conversou com Marina. Mas a questão não está ainda resolvida.
A ideia era ter Simone Tebet no Ministério do Meio Ambiente e Marina no cargo de Autoridade do Clima. Marina, porém, rejeita a alternativa que lhe foi oferecida de chefiar a Autoridade do Clima por entender que só se justifica sua participação no governo se tiver os instrumentos necessários para cumprir de fato os compromissos de campanha na área ambiental, em especial o desmatamento zero. Tais instrumentos, acrescenta uma fonte com acesso à ex-ministra, apenas o MMA pode ter. Na conversa com Marina, a questão foi novamente debatida. Mas não houve ainda conclusão.
Simone Tebet estava interessada no Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que cuida de programas como o Bolsa Família. Mas o órgão, que tem um orçamento anual da ordem de R$ 280 bilhões e é visto pelos petistas como uma das maiores vitrines do partido, ficou com o ex-governador do Piauí e senador eleito Wellington Dias.
A parte do MDB
Uma parte-chave da montagem do quebra-cabeças ministerial avançou em encontro realizado entre Lula; o presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP); os senadores Eduardo Braga (AM) e Renan Calheiros (AL); e o novo líder do partido na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL).
Ficou combinado que o MDB deve ocupar três ministérios no governo, como a legenda aspirava. No caso, o MDB aspira que Simone Tebet seja incluída como nome do partido e haja mais duas pastas, uma para abrigar a bancada da Câmara dos Deputados e outra para o Senado.
Já está certo que o Ministério dos Transportes ficará sob o comando do ex-governador e senador eleito Renan Filho (MBD-AL), filho de Renan Calheiros.
Também ficou resolvido que o partido terá o Ministério das Cidades, para o qual o nome não está definido. Um dos cotados é o deputado federal José Priante (PA), ligado ao senador paraense Jader Barbalho, mas não há consenso na bancada da Câmara sobre o nome.
O próprio Baleia passou a ser encarado nos últimos dias como uma opção.
O governador do Pará, Helder Barbalho, filho de Jader, sugeriu o nome de seu irmão, Jader Barbalho Filho, mas isso também gera problemas com a bancada da Câmara, uma vez que ele não é deputado.
No caso de não haver acerto quanto à questão do Meio Ambiente, também há a possibilidade de Cidades ficar com Simone Tebet, reservando-se o Planejamento para um deputado emedebista. O MMA é outra carta na mesa, mas envolve um passo à frente com relação a Marina, cuja indicação não é consenso na base de apoio a Lula, mas tem o apoio do movimento ambientalista e a torcida favorável de várias organizações internacionais.
Lula anunciou ontem 16 nomes para o ministério, que se somam aos cinco divulgados inicialmente no dia 8 de dezembro. Restam ainda 16 cargos a serem preenchidos até a próxima terça-feira (27), quando ele apresentará a relação final.
Além do MDB, o petista negocia a distribuição dos ministérios com o PSD, que deve ficar com os ministérios da Agricultura (a ser entregue provavelmente ao senador Carlos Fávaro, de Mato Grosso) e de Minas e Energia, que tende a ser chefiado pelo também senador Alexandre Silveira (MG).
Também deverão ser contemplados União Brasil (que deve ficar com o Desenvolvimento Regional), PDT, Rede e Solidariedade. Se Marina não for para o governo, a deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), que não se reelegeu, poderá ficar com o Ministério dos Povos Originários, para o qual são lembradas também duas deputadas indígenas eleitas pelo Psol, Sonia Guajajara (SP) e Célixa Xakriabá (MG).
O PP também pode ganhar um ministério (Turismo), embora o grupo lulista do partido ainda seja minoritário.
É dada como extremamente provável ainda a indicação dos deputados petistas Paulo Teixeira (SP), para as Comunicações, e de Paulo Pimenta (RS), para a Secretaria de Comunicação da Presidência. (Foto reprodução: Ricardo Stuckert)
Com informações da Folha e Estadão