Reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre Gaza termina sem acordo

Países não avançaram em relação a propostas de soluções pacíficas para o conflito Israel X Hamas. Conversas continuarão, agora de modo informal, para a costura de um documento que reflita uma posição de acordo de todos os membros

 

A reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas realizada nesta sexta-feira (13), encerrou-se sem que os participantes chegassem a um consenso sobre um texto final. As discussões devem continuar agora de maneira informal, com o objetivo de costurar um documento que reflita uma posição de acordo de todos os membros. Essa reunião do Conselho de Segurança foi antecipada a pedido do Brasil, que atualmente preside o órgão durante o mês de outubro. O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, presidiu reunião para discutir a abertura de corredores humanitários na Faixa de Gaza, a fim de que vítimas do conflito consigam sair da região por via terrestre.

“O Brasil vai continuar a promover o diálogo entre os membros e a ação por parte do Conselho através da abertura de possíveis vias de negociação. O objetivo é claro e imediato: evitar mais derramamento de sangue e perda de vidas, e tentar garantir o acesso humanitário urgente e desimpedido às áreas afetadas”, disse o chanceler.

O Conselho de Segurança da ONU é formado por 15 países membros. Cinco desses são permanentes e possuem poder de veto: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido. Dessa forma, proposições só podem ser aprovadas com o consentimento dos governos dos cinco membros permanentes.  Esta foi a segunda reunião do Conselho de Segurança. O governo brasileiro apelou em favor dos civis, em reunião no último domingo (8).

“As partes devem se abster da violência contra civis e cumprir suas obrigações perante o direito internacional humanitário”, posicionou-se. O Brasil também alertou para uma possível “escalada, com consequências imprevisíveis para a paz e a segurança internacional”.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem realizado esforços diplomáticos nas últimas semanas com o objetivo de estabelecer um corredor humanitário entre a Faixa de Gaza e o Egito. A proposta desse corredor é criar uma via segura para a saída de civis que desejam deixar Gaza e, ao mesmo tempo, permitir a entrada de suprimentos humanitários, como alimentos, medicamentos e água. Essa proposta do corredor humanitário recebeu apoio positivo do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, o que levou à antecipação da reunião do Conselho de Segurança.

Como parte dos desdobramentos do conflito em Gaza, o exército israelense estipulou um prazo de 24 horas para que os civis evacuassem a Cidade de Gaza, localizada ao norte da Faixa. O prazo para a evacuação se encerrou às 18h, horário de Brasília, pois Israel planeja lançar ataques na região. Nessa área, estão 22 brasileiros que desejam retornar ao Brasil e contam com o apoio do governo brasileiro. Eles foram temporariamente abrigados em uma escola católica e serão levados de ônibus para o sul da Faixa na manhã seguinte, uma vez que o governo brasileiro considerou o trajeto noturno perigoso. A diplomacia brasileira está em negociações com o Egito na tentativa de possibilitar o deslocamento desses brasileiros por terra de Gaza até a fronteira egípcia e, a partir dali, até o Cairo, a capital do Egito, de onde um avião da Presidência da República do Brasil os levaria de volta ao Brasil. No entanto, até o momento, o Egito não deu autorização para o transporte terrestre do grupo nem para o pouso do avião.

A crise no Oriente Médio se agravou após um ataque do Hamas contra Israel no último sábado. Com a resposta das forças israelenses, a situação humanitária na Faixa de Gaza vem se agravando nos últimos dias. A escalada do conflito causa um deslocamento em massa em Gaza. Segundo o Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha, mais de 338 mil pessoas estão deslocadas, um aumento de 30% em apenas um dia. Mais de 218 mil estão abrigadas nas escolas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestinos, Unrwa. Em Gaza, mais de 2,5 mil casas foram destruídas ou danificadas gravemente e 23 mil sofreram danos moderados ou leves.

Até o momento, pelo menos 88 instalações educacionais foram atingidas, incluindo 18 escolas da Unrwa, duas das quais eram usadas como abrigos de emergência para deslocados, além de 70 escolas da Autoridade Palestina. O Ocha alerta que já é o sexto dia consecutivo em que mais de 600 mil crianças não têm acesso à educação em locais seguros em Gaza.

Segundo a ONU, a única usina de energia ficou sem combustível e parou de funcionar, deixando a região sem eletricidade. Desde o início do conflito, sete importantes instalações de água e saneamento que atendem a mais de 1 milhão de pessoas foram atingidas por ataques aéreos e sofreram danos graves. O Ocha afirma que esgoto e resíduos sólidos estão se acumulando nas ruas, representando um risco à saúde. Metade das padarias tem estoque de farinha de trigo para menos de uma semana, enquanto 70% das lojas relatam estoques de alimentos significativamente reduzidos.

(Foto: Reuters)

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