As manifestações contra as políticas de imigração do presidente Donald Trump nos EUA estão se disseminando pelo território, enquanto o republicano reforça suas ações para lidar com os protestos que começaram em Los Angeles na última sexta-feira.
Recentemente, surgiram ações a favor da imigração em resposta às atividades dos Serviços de Imigração e Alfândega (ICE) em cidades como Nova York, São Francisco, Chicago e Washington. Durante a noite de segunda-feira, houve confrontos entre a polícia e manifestantes em Dallas e Austin.
Trump mobilizou 700 fuzileiros navais — que chegaram a Los Angeles na terça-feira — além de mais de 4 mil integrantes da Guarda Nacional para garantir a segurança de edificações federais na cidade. Essa ação foi desencadeada após Los Angeles registrar a quarta noite seguida de confrontos entre policiais e manifestantes, embora autoridades locais considerem essas ocorrências como isoladas. Mesmo assim, na terça-feira, o republicano declarou que, caso não tivesse enviado as tropas, Los Angeles já estaria “totalmente destruída”, fazendo uma analogia com os incêndios florestais que afetaram a região no início do ano.
O Pentágono informou nesta terça-feira que a mobilização de soldados da Guarda Nacional e fuzileiros navais para os protestos relacionados às ações de imigração em Los Angeles está gerando um custo de US$ 134 milhões ao governo. Essa declaração ocorreu após indagações contínuas de legisladores ao secretário de Defesa, Pete Hegseth. Ele consultou a controladora interina, Bryn Woollacott MacDonnell, que revelou o montante total, afirmando que os recursos serão provenientes dos fundos destinados a operações e manutenção.
A gestão Trump sustenta que a situação em Los Angeles está descontrolada e que é necessário o apoio de forças federais para auxiliar os agentes de imigração e restabelecer a ordem. Durante um discurso em uma base militar na Carolina do Norte, na terça-feira, Trump criticou os governantes da Califórnia, alegou ser o responsável pelo “apaziguamento” da cidade e afirmou que os protestantes nas ruas foram compensados “para perpetuar uma invasão externa”.
A Califórnia, no entanto, se opõe às propostas de Trump para o estado. O governador democrata Gavin Newsom iniciou um processo alegando que o envio das tropas é inconstitucional. Em resposta, Trump insinuou que Newsom — frequentemente considerado um potencial candidato à presidência em 2028 — poderia enfrentar prisão caso atrapalhasse as atividades federais.
As leis dos Estados Unidos normalmente restringem a utilização das forças armadas em operações de policiamento interno, envolvendo o Exército, a Marinha, a Força Aérea e os Fuzileiros Navais. O conflito em Los Angeles marca a primeira ocorrência desde 1965 em que um presidente mobiliza tropas da Guarda Nacional para uma cidade americana sem o consentimento de um governador.
“Mobilizar mais de 4 mil militares federalizados para conter um protesto ou evitar manifestações futuras, mesmo sem provas de que a polícia da região não poderia garantir a ordem e a segurança durante esses eventos, é considerado inconstitucional, conforme o processo, refletindo uma crítica semelhante que o governador expressou em suas redes sociais.“.
Em uma postagem no X, Newsom classificou a escolha de enviar os fuzileiros como “antiamericana” e declarou que a ativação da Guarda Nacional foi “descuidada” e “sem propósito”.
Nesta terça-feira, o governo estadual ajuizou uma nova ação judicial com urgência, visando proibir as forças armadas de desempenhar atividades de polícia, o que inclui ações para capturar imigrantes sem documentação e protestantes, conforme indicado pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, no último fim de semana.
De acordo com os advogados do estado, a determinação “proibirá a utilização da Guarda Nacional federal e de fuzileiros navais em serviço para a execução da lei nas vias de uma cidade civil”, ao passo que não se opõem ao uso dos militares para salvaguardar edifícios e servidores do governo federal. (Foto: AP)