Rastros de um “Kid Preto” em Portugal

(Henrique Acker –  Correspondente Internacional)  – O oficial da reserva do Exército brasileiro, Fernando Montenegro (foto), vive e trabalha em Portugal.

De lá foi que publicou a mensagem pelo twitter, em solidariedade aos golpistas que invadiram as sedes dos três poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.

“Patriotas brasileiros, ignorem a grande imprensa nacional e internacional. Qualquer manifestação contra o establishment será sempre apresentada como atos antidemocráticos. Façam o que deve ser feito”. Essa é a íntegra da mensagem. Não se sabe se foi apagada pelo autor ou retirada do ar por iniciativa da própria Rede Social.

Montenegro é identificado pela matéria de Allan de Abreu, publicada em 6 de junho/23 pela Revista Piauí, como um dos integrantes dos “kids pretos”, um grupo de oficiais das Forças de Operações Especiais do Exército de grande influência política no mandato presidencial de Jair Bolsonaro.

De acordo com o Blog FOpEsp, as Forças de Operações Especiais são “unidades militares de elite constituídas por pessoal altamente capacitado a desenvolver modalidades de enfrentamento não convencionais que fogem aos padrões clássicos da guerra”.

As declarações do coronel Montenegro denunciam sua posição ideológica.

Em 2018, logo após a eleição presidencial, Fernando Montenegro deu entrevista à Rádio TSF (Portugal), na qual negou que Jair Bolsonaro fosse de extrema-direita e que tenha havido uma ditadura militar no Brasil.

Atualmente, Montenegro é professor convidado da Força Aérea de Portugal, além de professor do curso de pós-graduação Gestão e Direção de Segurança, na Universidade Autônoma de Lisboa.

Até o início de 2022 também atuava como comentarista na CNN Portugal e seu nome constava como jornalista no portal Escavador.

Em novembro de 2022, no auge da crise política que antecedeu à posse de Lula, Fernando Montenegro concedeu entrevista à Revista Oeste, em que reconheceu a possibilidade da cúpula das Forças Armadas se insubordinar contra o governo eleito.

“Há uma discussão interna no Alto Comando das Forças Armadas. Alguns acreditam que sim, é hora de fazer alguma coisa mais assertiva, enquanto outros não parecem ser favoráveis a esse tipo de atuação”, disse na ocasião.

Na mesma entrevista, ao responder sobre o comportamento dos militares diante de crises institucionais, Montenegro condenou a atuação do STF e do TSE, antecipando os protestos organizados contra a diplomação de Lula: “Hoje em dia, existe uma pressão interna. Pode ser que ecloda alguma coisa antes de 12 de dezembro”.

Ainda de acordo com o oficial reformado “várias pessoas não vão ter estômago, por exemplo, para prestar continência, para fazer uma Guarda de Honra para o Lula.”

Sua última publicação no Facebook (Coronel Montenegro Veterano) data de 17 de novembro de 2022.

No Twitter, depois da postagem de 7 de janeiro de 2023, uma nova mensagem só aparece em 5 de junho. Não se sabe se apagou o conteúdo ou se foi punido e teve material retirado do ar pela Rede Social.

Do currículo do coronel reformado no portal Escavador constam diversos cursos no Batalhão de Forças Especiais do exército. O que só reforça as evidências de que Montenegro sempre esteve ligado ao grupo de elite que orbitava em torno de Bolsonaro, durante seu governo.

Em 2020 o coronel candidatou-se a vereador no Rio, pelo Podemos, mas obteve apenas 911 votos. (Foto: Reprodução Redes Sociais)

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