“R$ 35 mil. Não é um valor exorbitante. É um valor, assim, justo. A gente já tenta logo resolver”. Foi assim que o advogado de uma babá tentou extorquir Cristiano Zanin para não levar acusação de suposta jornada abusiva, com inclusive gravações ilegais de seus filhos, à imprensa. O advogado negou e, às vésperas da possível nomeação de Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Folha de S.Paulo publicou uma nota com denúncias de babás acusando Cristiano Zanin, advogado cotado pelo presidente à vaga, de suposta “jornada abusiva” e “dano moral”.
Acusações das babás
A nota remonta a acusações de funcionárias do casal de advogados. Como tramitaram em sigilo, sem acesso a detalhes ou qualquer informação mais verídica do caso, o jornal conseguiu somente divulgar: “A Folha apurou que já houve pagamento de indenização no caso de 2017.”
Mas a informação voltou-se contra a própria manchete e o caso se tornou álibi de defesa do nome de Zanin, quando o advogado detalhou que uma das mencionadas babás tentou extorqui-lo, cometendo ainda outras ilegalidades.
Gravação de menores
O advogado Cristiano Zanin explicou que a babá invadiu a privacidade da casa do advogado, realizou gravações, inclusive das crianças – os filhos do casal -, e iniciou uma ação trabalhista de R$ 100 mil.
Ao tomar conhecimento que Zanin era um dos nomes indicados ao STF, na semana passada, um dos advogados que levava o caso da babá pediu R$ 35 mil ao escritório de advocacia de Zanin para não levar o caso à imprensa, relatando ainda que havia sido procurador pela Folha de S.Paulo e pelo portal Terra.
Zanin negou pagar a quantia chantegeada. Com a divulgação da Folha, que não trouxe nenhum outro detalhe ou apuração do caso, o advogado expôs a tentativa de extorsão e a íntegra da conversa, gravada, entre o advogado da babá, Rinaldo Gaidargi, e a advogada Lourdes Lopes, do escritório Zanin Martins.
Papo da extorsão
Na conversa, Lourdes lembra Rinaldo que a gravação dos filhos de Zanin pela babá são “infrações ao Estatuto da Criança e do Adolescente”.
O advogado responde que “por isso mesmo” que estava ligado, “para ver se a gente pode resolver, porque está partindo para um lado que não agrada”. E completou: “O que for de interesse da reclamanete será pago e resolvido [a ação seria paralisada].”
A advogada pergunta, então, se ele tinha “algum valor em mente”. “Tem sim, doutora. A reclamante aceita R$ 35 mil. Não é um valor exorbitante. É um valor, assim, justo. Dá até para a gente resolver. Não sou de passar um valor alto, para ficar fazendo leilão. A gente já tenta logo resolver.” (Foto FSP)