Na quinta-feira (8), Bill Gates anunciou que planeja destinar 99% de sua riqueza pessoal, que é avaliada em US$ 108 bilhões, aproximadamente R$ 615 bilhões, nos próximos 20 anos para a sua organização, a Fundação Gates, voltada para auxiliar os necessitados.
O magnata afirmou que, por meio de sua riqueza e de contribuições adicionais do fundo da fundação, as comunidades mais necessitadas globalmente receberão aproximadamente US$ 200 bilhões, o que equivale a cerca de R$ 1,1 trilhão, até o ano de 2045.
A divulgação ocorre em um período em que nações globalmente estão diminuindo a assistência internacional, algo que Gates classificou como “lamentável“. De acordo com o bilionário, essas reduções podem levar a um novo aumento nas taxas de mortalidade infantil no planeta, após anos de declínio devido a investimentos, especialmente na área da saúde.
“Eu desejo que um dia, ao encontrarem a palavra ‘malária’, as pessoas se questionem sobre o que isso significava“, disse Gates durante um evento que marcou os 25 anos de sua fundação, ao comentar sobre seu impulso para fazer uma significativa doação.
Gates também fez críticas a Elon Musk, o homem mais rico do planeta, que lidera a entidade governamental dos Estados Unidos encarregada de reduzir despesas, incluindo os programas de assistência humanitária.
“A representação do homem mais abastado do planeta causando a morte das crianças mais necessitadas não é agradável“, afirmou o bilionário em uma conversa com o Financial Times. Ao ser indagado se tinha contatado Musk ultimamente para mudar suas atitudes, Gates respondeu que a decisão sobre o futuro dos investimentos em ajuda humanitária dos Estados Unidos agora pertence ao Congresso.
Durante o acontecimento desta quinta-feira, Gates declarou ser “um grande entusiasta de diversas iniciativas de Elon”, mas acredita que o bilionário “não teve a mesma vivência e não interagiu com os funcionários da USAID (a agência de ajuda humanitária dos Estados Unidos, uma das maiores do mundo) como eu”.
O criador da Microsoft, por outro lado, destacou que a escolha a respeito das reduções na USAID não é responsabilidade de Musk, mas sim do Congresso dos Estados Unidos.
O magnata de 69 anos declarou que está intensificando seus esforços para se livrar de sua riqueza e finalizar a Fundação Gates até o dia 31 de dezembro de 2045.
“Quando eu falecer, muitos dirão coisas a meu respeito, mas estou decidido que a frase ‘ele faleceu rico’ não estará entre elas”, comentou Gates em uma publicação em seu site.
“Há questões tão prementes que não posso reter recursos que poderiam ser destinados a auxiliar outras pessoas.”
Em uma alusão velada ao presidente americano, Donald Trump, devido à diminuição da assistência internacional por parte dos Estados Unidos — que é o principal doador global —, Gates afirmou que seu objetivo é auxiliar na prevenção de mortes de recém-nascidos, crianças e mães por razões evitáveis, eliminar enfermidades como poliomielite, malária e sarampo, além de combater a pobreza.
“Não está evidente se as nações mais desenvolvidas do planeta manterão seu auxílio aos países mais necessitados”, observou, enfatizando as reduções de contribuição de doadores significativos, como o Reino Unido e a França.
Gates afirmou que, embora a fundação tenha recursos financeiros significativos, o avanço não ocorreria sem o suporte das administrações governamentais.
Ele reconheceu a reação de nações africanas diante da redução dos recursos, mencionando que algumas administrações ajustaram seus orçamentos. No entanto, ressaltou que, por exemplo, a erradicação da poliomielite não será possível sem o apoio financeiro dos Estados Unidos.
Gates fez a divulgação em comemoração ao 25º aniversário da entidade, que foi estabelecida em 2000 junto com sua ex-esposa Melinda French Gates e, mais tarde, contou com a participação do investidor Warren Buffett.
“Já percorri uma trajetória significativa desde os tempos em que, ainda jovem, comecei uma empresa de software ao lado de um amigo da escola”, comentou ele.
Fundação já doou US$ 100 bilhões
Desde sua fundação, a instituição contribuiu com 100 bilhões de dólares, salvando milhões de vidas e apoiando projetos como o Gavi, que se dedica a vacinas, e o Fundo Global de Luta contra a AIDS, a Tuberculose e a Malária.
De acordo com Gates, a fundação será finalizada após o uso de aproximadamente 99% de sua riqueza pessoal. Os criadores tinham a expectativa inicial de que a instituição fosse dissolvida muitas décadas após suas falecimentos.
Gates, cujo patrimônio líquido é estimado em aproximadamente 108 bilhões de dólares, projeta que sua fundação desembolsará cerca de 200 bilhões até 2045, com o montante final variando conforme as condições do mercado e a inflação.
A fundação se tornou um dos principais protagonistas na área da saúde mundial, com uma previsão orçamentária que alcançará 9 bilhões de dólares até o ano de 2026.
A instituição foi alvo de críticas devido ao seu considerável poder e influência no setor, sem a necessária transparência, incluindo na Organização Mundial da Saúde (OMS).
Gates também se tornou objeto de várias teorias conspiratórias, especialmente no contexto da pandemia de Covid-19.
Gates também teve diversas conversas com o presidente Donald Trump nos últimos meses a respeito da relevância de manter os investimentos em saúde global.
“Gates expressou a sua expectativa de que outros indivíduos abastados reflitam sobre como podem acelerar o avanço para os menos favorecidos globalmente, aumentando tanto a frequência quanto a magnitude de suas contribuições, já que esse é um modo extremamente significativo de apoiar a sociedade.“. (Foto: Reprodução/Twitter)
*Com dados da agência de notícias Reuters