Quem é Da Cunha, o deputado bolsonarista que ameaçou de morte sua ex-companheira

Ex-delegado ganhou fama nas redes sociais ao filmar a rotina das operações policiais em São Paulo

 

O programa Fantástico, da TV Globo, exibiu no domingo (17) um vídeo exclusivo em que o deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP-SP) aparece ameaçando a vida de sua ex-companheira, Betina Grusiecki, durante uma briga do casal. “Sai, sua vaca. Eu vou te encher tua cara de tiro”, disse Da Cunha em um dos trechos. Em outro momento, após alguns barulhos fortes, é possível ouvir o deputado federal dizendo “desmaia aí, tua conta já deu”. A gravação seria de outubro de 2023, antes da separação do casal.

Em 2016, Grusiecki já havia registrado um Boletim de Ocorrências contra o deputado federal por ameaça de morte. Na ocasião, Da Cunha teria dito que daria um tiro no meio da testa da ex-companheira. Nascido em Santos, no litoral de São Paulo, Carlos Alberto da Cunha ganhou popularidade em meados de 2020, quando começou a exibir a rotina de operações policiais no YouTube.

Conhecido como Delegado “Da Cunha”, de 46 anos, ele atua na corporação há 18 anos, quando decidiu deixar a carreira de oficial do Exército para entrar na Polícia Civil. Atualmente, com uma audiência de 308 milhões de visualizações em vídeos no YouTube, ele arrasta 8,6 milhões de seguidores, na soma de todas as redes sociais.

Nas imagens, era comum abordagens violentas a suspeitos de crimes e muitas prisões. Em 2021, o Conselho da Polícia Civil aprovou a demissão de Da Cunha, após uma série de denúncias contra o hoje deputado federal, que era acusado de encenar operações, prisões e apreensões de drogas, usando a corporação para alavancar seu canal no Youtube e outras redes sociais.

Uma das operações que seriam simuladas, de acordo com as investigações, foi a prisão de um suposto líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), foi publicada no canal de  Da Cunha no Youtube e em suas outras redes sociais. Ainda de acordo com as investigações, Da Cunha mantinha uma equipe de produção de vídeos que o acompanhava diariamente e que recebia R$ 14 mil por mês para gravar, editar e publicar as imagens dele em ação pela Polícia Civil.

Com a fama na internet, Da Cunha abriu um curso de defesa pessoal, criou um podcast e lançou uma marca de roupas e acessórios, a “DC One”. Em 2021, ao lado do ex-PM e ex-vereador Gabriel Monteiro (PSD-RJ) — atualmente, preso por estupro — Da Cunha afirmou que há “ratos” na polícia.

“O que a gente não pode é deixar de ir para a polícia, porque os ratos continuam mandando, tem que começar o processo de expulsão de rato. Quem é correto trabalha, e o rato que corra”, disse à época em um podcast. Por conta da afirmação, ele foi afastado das ruas e teve de entregar armas e distintivo. Somente em 2024, quase três anos depois do ocorrido é que a Polícia decidiu devolver os itens a Da Cunha.

No mesmo ano, ele foi indiciado pela Corregedoria da Polícia Civil sobre a suspeita de ter cometido peculato, pois ele teria utilizado da estrutura da Polícia Civil para gravar vídeos de operações oficiais para o seu canal do YouTube, e com a monetização dos vídeos geraria um enriquecimento ilícito às custas da corporação. Na época, a Corregedoria apontou que o salário de Da Cunha era de cerca de R$ 10,5 mil e com o seu canal no YouTube recebia R$ 500 mil por ano.

Em 2022, após sua demissão da Polícia Civil, Da Cunha achou na política um caminho. Carregou as bandeiras que defendia quando atuava como policial para a plataforma política e, na esteira do bolsonarismo, foi eleito em São Paulo pelo PP, com 181 mil votos.

(Foto: Reprodução/Youtube)

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