Queda no preço da energia elétrica influencia na deflação do IPCA-15 em julho

Índice recua 0,07% no mês, após nove meses no campo positivo. Retração pode abrir caminho para corte na taxa de juros em agosto

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação, teve queda de 0,07% em julho, com retração dos preços de energia elétrica, segundo dados divulgados nesta terça-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o primeiro recuo após nove meses no campo positivo. Em junho, o indicador havia avançado 0,04%. No ano, há alta acumulada de 3,09% e em 12 meses, de 3,19%.

O recuo veio maior que o esperado por analistas, que previam uma queda de 0,02%. O resultado negativo no índice reforça o caminho para o corte de juros em agosto. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nos próximos dias 1º e 2 de agosto para definir se reduz a Selic, a taxa básica de juros. Os preços foram coletados entre 15 de junho e 13 de julho de 2023 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 16 de maio a 14 de junho de 2023 (base). O principal impacto negativo para esse resultado neste período veio da retração nos preços da energia elétrica residencial (-3,45%), após a incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas de julho.

Esse bônus ocorre quando há saldo positivo na Conta Comercialização da Energia Elétrica de Itaipu, a hidrelétrica binacional. Em 2022, o saldo foi de R$ 405,4 milhões. O valor foi creditado nas faturas de 81 milhões de unidades consumidoras rurais e residenciais, o que deu um desconto de até R$ 15 na conta de luz por cliente, segundo informações do site de Itaipu. Com isso, a energia elétrica residencial apresentou essa redução de 3,45%, algo que não deve se repetir nos próximos meses.

Também houve queda de 2,10% nos preços do gás de botijão em julho, o que ajudou a puxar o grupo Habitação para baixo. A retração do grupo foi de 0,94%. Foi a maior contribuição negativa para o IPCA-15. Já a taxa de água de esgoto (0,20%) está entre os itens que subiram. A alta foi consequência dos reajustes realizados em três áreas: de 8,33% em Belém (3,18%), a partir de 28 de maio; de 3,45% em uma das concessionárias em Porto Alegre (0,77%), a partir de 1º de julho; e de 8,20% em Curitiba (0,25%), a partir de 17 de maio.

Entre os grupos analisados pela pesquisa, a outra maior influência sobre o índice geral veio de Alimentação e bebidas (-0,40%), cujo resultado é relacionado à deflação de alimentação no domicílio (-0,72%). Entre os alimentos com preços em queda, destacam-se o feijão carioca (-10,20%), o óleo de soja (-6,14%), o leite longa vida (-2,50%) e as carnes (-2,42%). Por outro lado, a batata inglesa (10,25%) e o alho (3,74%) ficaram mais caros neste mês.

Entre as altas, o destaque foi o grupo de Transportes (0,63%). O avanço é explicado pelo aumento nos preços da gasolina (2,99%), que teve o maior impacto positivo (0,14 p.p.) entre os subitens pesquisados. O gás veicular também subiu (0,06%), enquanto o óleo diesel (-3,48%) e etanol (-0,70%) tiveram deflação. Com esses resultados, os combustíveis tiveram alta de 2,28% em julho.

(Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

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