Novo levantamento mostra que margem favorável do atual prefeito diminuiu após apagões na maior cidade do Brasil
Na primeira pesquisa de intenção de voto divulgada após o “apagão” de energia que vem castigando a cidade de São Paulo (SP) desde a última sexta-feira (11), a Quaest mostra o prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) com 45% da preferência do eleitorado, ante 33% do deputado federal Guilherme Boulos (PSol). Outros 19% declaram a intenção de votar em branco ou nulo, e 3% se dizem indecisos.
A pesquisa da Quaest foi feita entre domingo e terça-feira e, além, das percepções dos eleitores em relação ao apagão, decorrente de um temporal ocorrido na sexta-feira e que ainda hoje causa problemas para milhares de moradores da cidade, também retrata as percepções dos entrevistados após o debate realizado pela TV Band, na noite de segunda-feira.
No levantamento anterior, divulgado na véspera do primeiro turno, a simulação apontava vantagem de 18 pontos para Nunes, com placar de 51% a 33% favorável ao emedebista. Agora, considerando a margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos, Nunes registra de 6 a 18 pontos de frente para o candidato do PSol.
Na quinta-feira passada, com a ressalva de que pesquisas feitas em períodos e por institutos diferentes não podem ser diretamente comparadas, o Datafolha indicou distância de 22 pontos entre os dois candidatos. A pesquisa da Quaest mostra que 74% dos eleitores que votaram em Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno agora miram para Ricardo Nunes, enquanto 13% optam pelo voto em Boulos, e 12% falam que votarão em branco ou nulo, ou nem mesmo irão às urnas. No eleitorado de Tabata Amaral (PSB), são 54% os que agora preferem Boulos, e 23% dizem ter a intenção de votar no atual prefeito.
Na pesquisa espontânea, em que o entrevistado fala em quem pretende votar sem ser lembrado de suas opções, Nunes marca 38%, contra 28% de Boulos. Praticamente um quarto dos paulistanos (26%) diz espontaneamente que ainda não escolheu um candidato para o segundo turno, enquanto brancos e nulos chegam a 8%.
Nunes avançou ao segundo turno com a vantagem de ter sido o candidato com a maior votação no dia 6 de outubro, com 29,48% dos votos válidos — só 25 mil a mais que Boulos. O candidato à reeleição tem buscado afastar sua imagem do apagão que afetou a cidade, jogando a culpa para a concessionária Enel. Em sua propaganda no rádio e na TV, o emedebista se apresenta como o caminho da segurança, em contraposição ao “extremismo” supostamente representado por Boulos.
A pesquisa foi contratada pela TV Globo e considerou entrevistas com 1.200 eleitores de 16 anos ou mais, feitas entre 13 e 15 de outubro. Na Justiça Eleitoral, o levantamento está registrado sob o código SP-05735/2024.
Rejeição
O candidato do PSol recebeu o apoio de Tabata e José Luiz Datena (PSDB) — ainda que a contragosto dos caciques tucanos —, mas tem feito seus principais acenos para os eleitores de Pablo Marçal, o terceiro colocado no primeiro turno. Boulos reforçou suas mensagens para os trabalhadores autônomos e moradores da periferia que escolheram o empresário na primeira votação. Até o estilo do ex-coach foi reproduzido em uma de suas propagandas.
Um desafio adicional para o deputado federal é o fato de as pesquisas indicarem em uníssono que a rejeição a seu nome é maior do que a manifestada pelos eleitores ao seu adversário. A Quaest indica que 45% dizem ter “medo” de ver Boulos eleito, enquanto 32% afirmam temer a reeleição do emedebista. A pesquisa mostra ainda que, para 42%, Boulos tem uma imagem “negativa”, e 40% dizem vê-lo de modo “positivo”. Em relação a Nunes, 35% declaram que o prefeito tem uma imagem “negativa”, e 53% a avaliam como “positiva”.
Quando perguntados sobre as características que identificam em cada candidato, os eleitores avaliam Nunes como “experiente” (59%) e “capaz de tomar decisões em momentos de crise” (46%). Boulos é visto como “preocupado com os mais pobres” (40%) e “carismático” (38%).
A Quaest perguntou também se a escolha do voto é definitiva ou pode mudar. Para 86% dos eleitores de Nunes, a escolha é definitiva. O índice é de 85% entre quem indica voto em Boulos. Ainda segundo o levantamento, 47% dos eleitores de São Paulo afirmam que gostariam que o prefeito fosse independente, sem relação com ou aliança com o presidente Lula ou com o ex-presidente Jair Bolsonaro. São 29% os que preferem alguém ligado ao petista, quanto 20% gostariam que o próximo prefeito fosse um aliado de Bolsonaro.
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