A legenda lida com desentendimentos a respeito da liderança de suas seções em estados como Rio de Janeiro e São Paulo. No Paraná, o filho do ex-ministro José Dirceu busca substituir o presidente atual, que é apoiador de Gleisi.
Reportagem do jornal O Globo expõe que ao menos de quatro meses para suas eleições internas, o Partido dos Trabalhadores (PT) enfrenta impasses sobre quem comandará os diretórios regionais a partir de julho. Além da ala nacional, para a qual o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, se consolida como favorito, os petistas experimentam uma divisão mais acentuada em pelo menos sete estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Ceará, Pernambuco, Alagoas e Piauí.
No fim de fevereiro, expirou o primeiro prazo do Processo de Eleição Direta (PED), referente aos filiados que poderão votar ou concorrer. Mas as discussões se acirraram já nesta etapa inicial do processo.
Rio de Janeiro
No Rio, o embate ocorre entre o atual vice-presidente nacional, o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, e o grupo ligado aos deputados federais Lindbergh Farias e Benedita da Silva. Inicialmente, Quaquá sinalizava apoio ao ex-deputado Fabiano Horta, nome visto com potencial para unificar o partido.
Recentemente, no entanto, ele tem indicado a intenção de lançar seu filho, Diego Zeidan, como candidato. Diego, que pretende concorrer a deputado federal no próximo ano, poderia fortalecer suas aspirações políticas com essa movimentação.
O mesmo cenário se repete na capital fluminense, onde Quaquá avalia duas opções: Alberes Lima, ex-chefe de gabinete de seu filho, e o vereador Niquinho. Por outro lado, a ala mais à esquerda apoia a deputada estadual Elika Takimoto, mais alinhada à militância tradicional.
O pano de fundo da divisão é um desconforto ideológico com Quaquá, que recentemente defendeu a inocência dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, presos como mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, cuja irmã, a ministra Anielle Franco, é filiada ao partido. Para alguns, o grupo do prefeito estaria disposto a flexibilizar os princípios da legenda em troca de crescimento político.
São Paulo e Paraná
Em São Paulo e no Paraná, os impasses envolvem a permanência dos atuais presidentes. O deputado federal paulista Kiko Celeguim deve enfrentar novamente uma disputa interna na Construindo um Novo Brasil (CNB),corrente majoritária do partido e também integrada pela deputada estadual Professora Bebel, sua concorrente. Ambos foram vice-presidentes na gestão do ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
No Paraná, o deputado estadual Arilson Chiorato, aliado da presidente nacional Gleisi Hoffmann, enfrenta a candidatura do deputado federal Zeca Dirceu. O cargo, que já foi ocupado por seu pai, o ex-ministro José Dirceu, poderia facilitar uma futura candidatura ao Senado. O presidente da Itaipu Binacional, Enio Verri, também teria interesse em concorrer ao posto.
— Existe um movimento grande sugerindo meu nome. Estou superanimado, nasci dentro deste partido — afirmou Zeca Dirceu, conforme informa O Globo.
O deputado nega a intenção de entrar em rota de colisão com o atual presidente estadual. Interlocutores de Chiorato, contudo, apontam que ele deseja a recondução.
Pernambuco e Ceará
Em Pernambuco, aliados dos senadores Teresa Leitão e Humberto Costa devem se enfrentar, representando visões distintas. Enquanto Costa é próximo à governadora Raquel Lyra (PSDB), Teresa é aliada do prefeito de Recife, João Campos (PSB).
O grupo de Costa apoia o secretário-geral do diretório, Sergio Goiana. Já os aliados de Teresa estão na fase de discussões internas, mas devem lançar um opositor.
Na mesma toada, no Ceará, alas rivais também devem se enfrentar. Após protagonizarem uma disputa para encabeçar a chapa do partido nas eleições do ano passado, o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão, e a deputada federal Luizianne Lins se preparam para dividir novamente a legenda.
Na capital, a ala de Leitão já definiu o nome do ex-deputado Antônio Carlos. O grupo de Luizianne ainda não escolheu seu representante. (Foto: Reprodução)