Promoções de Amor, somente hoje

(*) Rodrigo Vargas    –  Assim como todos os anos, os anúncios seguem massivos nas redes sociais e meios de comunicação. E são dos mais diversos: kit casal, jantar temático, playlist romântica, flores em 12 vezes no cartão — com entrega garantida até o fim da tarde. Amor, aparentemente, virou pacote. E muitas vezes com frete grátis.

As vitrines ficam repletas de corações. As redes sociais viram palco de declarações impecáveis: vídeos editados, legendas calculadas como o código adora, filtros românticos. Tudo lindo, tudo no prazo. Desde que seja postado até as 23h59 do dia 12. Depois disso, o algoritmo já não liga mais, e já passa a pensar nas próximas “trends”.

Mas onde foi parar o olho no olho?

Vivemos o tempo da conexão constante — e da presença distante ou ausente. Estamos ao lado, mas distraídos. Tocamos as telas, mas esquecemos os rostos. Nos apaixonamos por avatares e lindas fotos, mas esquecemos como é sentir o calor de um abraço demorado.

O amor de verdade não se mede em curtidas ou se aquele post com o seu “crush” viralizou. Ele acontece quando dois olhares se encontram — e não desviam. Quando o toque fala mais do que as palavras. Quando o silêncio não incomoda, mas acolhe.

Amar não é só dizer que ama. É saber escutar com o corpo inteiro. É perceber no outro o que não foi dito. É estar, de fato, quando se está.

As redes sociais podem até mostrar amor, que precisamos reconhecer que nestes dias elas só exalam maravilhas. Mas é no sofá da sala, no banco do carro, na mesa da cozinha, no andar apressado de mãos dadas, que ele se revela inteiro — sem filtro, sem edição, sem trilha sonora, simplesmente existindo.

O Dia dos Namorados é bonito, claro. Mas o amor precisa de menos ensaio e mais verdade. Até porque nossa vida cotidiana já está farta de “fake news”, e precisa sim de algo puro e verdadeiro possível. Amas precisa menos declarações prontas e mais conversas com os olhos. Porque o que sustenta o amor não é o post, e sim a presença.

E disso, São Valentim sabia: o amor sobrevive no toque, no olhar, na escuta. É ali, longe das vitrines e dos stories, que o sentimento deixa de ser performance e vira elo.  (Foto: Reprodução)

(*) Jornalista, Assessor de Comunicação, Palestrante e especialista em comunicação interpessoal. Autor do e-book “Comunicação para o Dia a Dia – Como se conectar melhor com os outros – e consigo mesmo”.

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