Henrique Acker (correspondente internacional) – Em recente aprovação por ampla maioria de deputados republicanos e democratas, o projeto de Lei de Proteção dos Americanos contra Aplicações Controladas de Adversários Estrangeiros que prevê a suspensão das atividades do Tik Tok nos EUA seguirá da Câmara para o Senado. Se o projeto virar lei, o Tik Tok só poderá manter suas atividades caso seja vendido a um grupo de capital estadunidense.
A alegação para a aprovação do projeto de lei é que os deputados estão preocupados com as ligações entre o TikTok (que pertence ao grupo ByteDance) e as autoridades chinesas, vendo risco dos dados pessoais de 170 milhões de utilizadores estadunidenses serem transferidos para a China.
No entanto, a preocupação dos parlamentares dos EUA não se aplica em relação aos dados de cidadãos de outros países. Das grandes empresas que operam nas redes sociais – Meta, Twitter (X), Google/Youtube – praticamente todas têm sede nos EUA, com exceção do Tik Tok e do Telegram.
Ataque à livre concorrência
Tanto representantes do Tik Tok quanto do governo chinês afirmam que não há qualquer risco dos dados de usuários norte-americanos serem transferidos para as autoridades chinesas.
O presidente executivo do TikTok, Shou Zi Chew, garantiu ao Congresso norte-americano que nunca recebeu pedidos do Governo chinês nesse sentido. Chew assegurou que, mesmo que os recebesse, se recusaria a cumprir. Além disso, o TikTok reestruturou a empresa para que os dados dos utilizadores dos EUA permaneçam apenas no país.
“Os EUA nunca encontraram provas de que o TikTok constitua uma ameaça à sua segurança nacional”, sublinhou um porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, adiantando que proibir o TikTok nos EUA seria como “dar um tiro no próprio pé”. As autoridades chinesas acusam os deputados de aprovarem uma lei que fere a livre concorrência.
O Tik Tok lançou a experiência de união de vídeos e áudio, ao mesmo tempo, na mesma plataforma com extrema facilidade de uso. O aplicativo é considerado uma rede social porque os usuários podem postar vídeos, editá-los, adicionar trilhas sonoras e publicá-los na rede para seus seguidores.
Faturamento recorde
Apesar da dificuldade de quantificar o lucro da ByteDance, por conta da companhia não lançar ações nas bolsas de valores, especialistas avaliam que a empresa acumulou US$ 120 bilhões em receitas em 2023, um aumento de cerca de 40% em relação ao ano anterior.
A ByteDance – dona do TikTok – faturou mais de US$ 110 bilhões em 2023, indicando um ritmo de crescimento superior ao da rival Tencent, principal empresa global do ramo de games, que deve ter faturado US$ 86 bilhões em 2023, de acordo com a Bloomberg.
Segundo dados de reportagem do Financial Times (FT), o aplicativo de vídeos curtos de propriedade da chinesa ByteDance atingiu US$ 16 bilhões em vendas nos EUA. O número foi confirmado ao jornal britânico por três fontes que tiveram acesso aos dados da empresa.
A reportagem do FT afirma ainda que a ByteDance como um todo está a caminho de ultrapassar a Meta, grupo que controla o Facebook e o Instagram, como a maior empresa de mídia social do mundo em faturamento.
Ainda assim, depois de três anos perdendo para o TikTok, o Instagram finalmente superou a concorrente em 2023. Os downloads do Instagram aumentaram 20% no ano passado, chegando a 767 milhões, contra 733 milhões do rival.
Como incorpora também o TikTok, o Instagram torna-se um aplicativo mais completo, com os directs, stories e fotos no feed. Isso permite agradar e comportar diferentes públicos num mesmo lugar.
Concorrentes pesada
O TikTok tem 1 bilhão de usuários ativos mensais (MAU’s), a maioria jovens, e cerca de 5 bilhões de contas. Dos 4,8 bilhões de usuários da Internet em todo o mundo, 20,83% usam o TikTok. Dos 4,48 bilhões de usuários ativos de redes sociais, 22,32% usam regularmente o TikTok.
Isso acabou fazendo com que o valor da empresa ByteDance atingisse US$ 75 bilhões, com um financiamento total de US$ 3 bilhões. Mas a ByteDance enfrenta forte concorrência entre as holdings controladoras das principais redes sociais, cujas sedes são todas nos Estados Unidos. Confira:
. Grupo Meta (Mark Zuckerberg)
Whatsapp – Com dois bilhões de usuários, o WhatsApp é o aplicativo de mensagens mais usado no mundo. Em segundo lugar vem o WeChat, popular na China, com 1,3 bilhão de contas e em terceiro o Facebook Messenger, com 931 milhões de usuários.
Insta – O Instagram tem mais de 90 milhões de usuários ativos mensais e é tido como o maior concorrente do Tik Tok.
Facebook/Messenger – A partir do segundo trimestre de 2018, o Facebook contava com 2,23 bilhões de usuários ativos mensais, com 68% dos americanos usando sua plataforma.
. X (ex-Twitter) – Embora existam mais de 1,3 bilhões de contas no Twitter, o número de usuários ativos por mês é de cerca de 335 milhões. O bilionário Elon Musk é o seu proprietário.
. Google + YouTube – Em 2022, o Google gerou mais de US$ 282 bilhões em receita, dos quais mais de US$ 162 bilhões da Pesquisa Google, mais de US$ 29 bilhões dos anúncios do YouTube e quase US$ 33 bilhões das propriedades dos membros da rede. O Google tem mais de 1,5 bilhão de usuários ativos mensais em todo o mundo e é responsável por mais de 94% das buscas em dispositivos móveis (dados de Statista.com*). Seus principais acionistas são Larry Page e Sergey Brin (EUA), com mais de 51% das ações
. Telegram – O Telegram foi criado por Pavel Durov, um empresário russo. Embora exista o mito de que o Telegram é um aplicativo russo, o mensageiro, na realidade, não foi desenvolvido na Rússia nem tem data centers ou servidores por lá. A sede dele fica em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde reside seu fundador e maior acionista. O Telegram (Android, iOS) chegou aos 800 milhões de usuários, 100 milhões a mais que a um ano atrás.
Tempo de uso diário de aplicativos em celulares nos EUA
(Dados são apenas dos EUA, para aplicativos móveis, e a partir do quarto trimestre de 2023)
Saúde mental e redes sociais
Violência, ansiedade, depressão, baixa autoestima e bullying são alguns dos temas que mais aparecem quando se relaciona redes sociais com saúde mental. Pesquisas recentes apontam que o uso frequente do Instagram e TikTok têm feito estragos na vida de muitos adolescentes, principalmente em termos de concentração.
Mas quando o assunto é reter a atenção do usuário, ninguém supera o TikTok. Os dados mais recentes sobre as atividades de usuários em celulares nos EUA dão conta que o tempo médio de uso diário do aplicativo chinês é de 95 minutos. Bem mais que a média de uma hora por dia do Instagram.
Apesar de sua origem, o aplicativo Tik Tok, desenvolvido com tecnologia chinesa, não está acessível na China. Por lá existe uma versão diferente do TikTok: uma aplicação irmã chamada Douyin. Foi lançada antes do TikTok e tornou-se uma sensação no enorme mercado chinês.
(*) Dados do Statista – Statista é uma plataforma online alemã especializada em coleta e visualização de dados. (Foto: Reprodução)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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Fontes:
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/03/13/eua-tentam-proibir-tiktok-entenda.htm
https://abcdoabc.com.br/tiktok-sera-banido-dos-estados-unidos/#fechar-aviso
https://www.portalinsights.com.br/perguntas-frequentes/por-que-o-tiktok-foi-criado
https://www.portalinsights.com.br/perguntas-frequentes/quem-sao-os-donos-do-google
https://www.portalinsights.com.br/perguntas-frequentes/quem-e-o-atual-dono-do-telegram