O crescimento dos preços dos alimentos no Brasil tem impactado significativamente o orçamento dos consumidores, tornando as compras cada vez mais difíceis. Nesse contexto, gravações de agricultores jogando fora grandes quantidades de alimentos se tornaram populares nas redes sociais, provocando indignação entre os usuários. De acordo com uma matéria do Metrópoles, a razão para essa ação é evitar a venda de produtos por valores inferiores aos de mercado, o que poderia prejudicar a viabilidade econômica dos agricultores. Entretanto, o que leva, de fato, o setor agropecuário a descartar alimentos ao invés de destiná-los ao consumo?
A razão para o descarte – A maior parte dos agricultores que foram encontrados descartando grandes volumes de alimentos está composta por pequenos e médios produtores.
O economista Francisco Rodrigues destaca que essa abordagem visa garantir a viabilidade financeira da produção. Ao antecipar uma venda com preço inferior à média, o produtor se precavê contra efeitos adversos em seu fluxo de caixa e na lucratividade. Ademais, existe a questão relacionada à próxima safra: se o produtor vende seus produtos por valores muito baixos, pode ficar sem capital para investir na próxima colheita.
Além das dificuldades no setor comercial, os custos de logística se configuram como um elemento crucial. Em diversas situações, transportar os produtos até os pontos de consumo pode resultar em perdas financeiras ainda mais significativas do que simplesmente descartá-los na sua origem.
Administração divulga estratégia para facilitar a distribuição da colheita – Com o objetivo de minimizar prejuízos e aumentar a competitividade do segmento, o governo Lula (PT) revelou, em 5 de fevereiro, o Plano de Distribuição da Colheita 2024/2025. A iniciativa pretende melhorar a infraestrutura e a logística do agronegócio, assegurando um escoamento mais eficaz da produção. Um total de R$ 4,5 bilhões será investido para diminuir os custos logísticos e fortalecer a posição do Brasil no cenário internacional.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta que a colheita deste ano atingirá um aumento histórico de 8,3% em comparação ao ano anterior, totalizando 322,47 milhões de toneladas de grãos, com ênfase em soja e milho. Esse crescimento representa um acréscimo de 24,62 milhões de toneladas em relação à safra de 2023/2024, evidenciando a urgência de estratégias que assegurem o transporte da produção de forma eficiente, evitando perdas.
Uma abordagem para minimizar o desperdício? – Especialistas afirmam que desenvolver políticas públicas focadas na otimização do uso de alimentos pode ser uma solução para combater o desperdício. “O governo deve implementar estratégias eficazes para auxiliar os produtores a distribuir sua produção ou, ao menos, estabelecer mecanismos através de cooperativas para que esses alimentos sejam encaminhados a organizações não governamentais ou vendidos a preços mais acessíveis nos mercados”, propõe Rodrigues. (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)