Procurador-geral da Venezuela acusa Lula de ser ‘agente da CIA’

“Ele não é mais a mesma pessoa que saiu da prisão, nem na aparência, nem na maneira de se expressar”, disse Tarek William Saab sobre o presidente Lula. Saab também criticou o presidente do Chile, Gabriel Boric

 

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do Chile, Gabriel Boric, ambos de esquerda, de serem “agentes da CIA”, o serviço de inteligência dos Estados Unidos. Segundo ele, os dois se intrometem em assuntos internos do país vizinho, porque se tornaram “porta-vozes” da “esquerda capturada pela CIA”.

“Quem é o porta-voz que eles colocam dizendo as coisas mais bárbaras contra nosso país através dessa chamada ‘esquerda’? O senhor Boric, que agora está acompanhado por Lula. Para mim, Lula foi cooptado na prisão. Essa é a minha teoria. (…) Parte dessa chamada esquerda cooptada pela CIA e pelos Estados Unidos na América Latina agora tem dois porta-vozes”, disse Saab.

Na declaração, que foi dada durante o programa “Análise Situacional”, do canal venezuelano Globovísion, Saab criticou principalmente Lula, sugerindo que o brasileiro mudou sua postura após sair da prisão em 2019. “Lula, que não é o mesmo que saiu da prisão, por tudo que acusou agora, não é o mesmo em nada: nem em seu físico, nem em como ele se expressa”, acusou.

Ainda abordando o período que o presidente brasileiro foi preso, o venezuelano alegou que “ele não é o mesmo que foi o fundador do PT, quem fundou e promoveu os movimentos trabalhadores do Brasil”. “O que te interessa? Quem é você, Lula, para se intrometer nos assuntos internos da Venezuela?”, acrescentou Saab.

Quanto ao presidente chileno, o representante do governo de Nicolás Maduro disse que Boric “traiu a juventude mártir que lutou contra [Sebastián] Piñera”, referindo-se aos protestos sociais no Chile contra o líder conservador. Saab, que está à frente da Procuradoria-Geral da Venezuela desde 2017, é um dos principais nomes do regime chavista e conhecido por chancelar atos do governo Maduro e de perseguição a opositores.

O presidente brasileiro, ao lado do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, fizeram tentativas de negociação junto ao governo venezuelano em busca de uma saída para a crise política do país, enquanto seguem pedindo as atas eleitorais das eleições presidenciais de 28 de julho. Em várias declarações, Lula também pontuou que o governo de Nicolás Maduro tem inclinações autoritárias, mas ressalta que não o qualificaria como uma ditadura.

 

Confira o vídeo com a declaração do procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab:

(Foto: Federico Parra /AFP)

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