Prévia mostra inflação de março em 0,36%, com alimentos ainda mais caros

Índice preliminar de inflação baixou de 0,78% para 0,36% do mês passado para este mês

 

A prévia da inflação ficou em 0,36% em março, 0,42 ponto percentual (p.p.) menor que a de fevereiro, quando variou 0,78%. O resultado foi, em grande parte, influenciado pelo grupo de Alimentação e Bebidas, com alta de 0,91% e impacto de 0,19 p.p. no índice geral. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi divulgado nesta terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA-15 é considerado uma prévia da inflação oficial. Ele é calculado com metodologia semelhante à do índice nacional, o IPCA, mas na metade de cada mês. Por isso, serve como indicativo para o mês cheio.

No geral, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco registraram alta em março. A maior variação e maior impacto foi, justamente, o índice dos itens de alimentação e bebidas. Puxaram esse resultado (0,91%) as altas da cebola (16,64%), do ovo de galinha (6,24%), das frutas (5,81%) e do leite longa vida (3,66%). Alimentos têm liderado o aumento da inflação em 2024. Em janeiro e fevereiro, eles ficaram 2,34% mais caros, quase o dobro da inflação oficial registrada no mesmo período (1,25%).

Isso fez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocar uma reunião ministerial para tratar do assunto há uma semana. Ministros apontam que os preços devem baixar em abril. Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 4,14%, abaixo dos 4,49% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Outros itens do grupo de Alimentos e Bebidas apresentaram queda, como a batata-inglesa (-9,87%), a cenoura (-6,10%) e o óleo de soja (-3,19%). A alimentação fora do domicílio (0,59%) acelerou em relação ao mês de fevereiro (0,48%), em virtude da alta mais intensa da refeição (0,35% em fevereiro para 0,76% em março). O lanche (0,19%) registrou variação inferior à registrada no mês anterior (0,79%).

No grupo Transportes (0,43%), houve queda na passagem aérea (-9,08%), que registrou o maior impacto negativo (-0,07p.p.) no mês. Por outro lado, a gasolina (2,39%) teve o maior impacto positivo (0,12 p.p.). Em relação aos demais combustíveis (2,41%), houve alta nos preços do etanol (4,27%), enquanto o gás veicular (-2,07%) e o óleo diesel (-0,15%) registraram queda. O subitem táxi apresentou alta de 0,61% devido ao reajuste de 8,31% em Belo Horizonte (6,04%), a partir de 8 de fevereiro.

Ainda em Transportes, a variação do ônibus intermunicipal (0,71%) foi influenciada por reajustes no Rio de Janeiro (6,69%), a partir de 24 de fevereiro; e em Curitiba (6,41%), a partir de 5 de fevereiro. No subitem trem (-1,00%), houve redução de 4,05% nas tarifas no Rio de Janeiro (-2,20%), a partir de 2 de fevereiro.

Em Saúde e cuidados pessoais (0,61%), o resultado foi influenciado pelo plano de saúde (0,77%), pelos produtos farmacêuticos (0,73%) e pelos itens de higiene pessoal (0,39%). No grupo Habitação (0,19%), no resultado do gás encanado (-0,35%), os seguintes reajustes tarifários foram incorporados a partir de 1º de fevereiro: no Rio de Janeiro (-0,65%), redução média de 1,30%; e em Curitiba (-1,20%), redução de 2,29%.

Quanto aos índices regionais, todas as áreas tiveram alta em março. A maior variação foi registrada em Belém (0,74%), por conta das altas do açaí (18,87%) e da gasolina (1,96%). Já o menor resultado ocorreu em Goiânia (0,14%), que apresentou queda nos preços do automóvel usado (-3,19%) e das carnes (-1,02%).

Copom

Também nesta terça-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou a ata de sua última reunião, realizada também na semana passada. No encontro, eles resolveram reduzir a taxa básica de juros da economia nacional, a Selic, de 11,25% ao ano para 10,75% ao ano –sexta queda seguida– considerando um risco inflacionário menor.

A ata do Copom também prevê melhora no preço dos alimentos no curto prazo. “Há algum arrefecimento nas projeções de alimentação para o curto prazo, revertendo os aumentos recentes”, informou o órgão, sobre o cenário de preços no país.

Ainda na terça, o BC divulgou mais uma edição do Boletim Focus registrando uma redução nas projeções sobre inflação para este ano. Para elaboração do Focus, o BC coleta semanalmente as previsões de economistas de instituições financeiras que atuam no Brasil. Com base nessas projeções, o BC divulga uma espécie de expectativa média dos banqueiros sobre os rumos da economia brasileira.

Nesta semana, eles estimam que a inflação oficial, o IPCA, feche o ano em 3,75%. Na semana passada, a expectativa era de 3,79%. A estimativa para 2024 está dentro do intervalo da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta é 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, até 4,5%.

O Boletim Focus também indica que os economistas aumentaram sua expectativa para o crescimento da economia nacional. Nesta semana, eles elevaram a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,80% para 1,85%. No início do ano, eles estimavam que o PIB crescesse 1,52%. Ou seja, em menos de dois meses, a projeção deles para o crescimento da economia já mudou 0,33 ponto.

(Foto: Mariana Gonçalves/g1)

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