Nesta quinta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, “está buscando se tornar o imperador do mundo”. Em uma conversa com a rádio Tupi FM, no Rio de Janeiro, Lula descreveu como “excessos” as declarações de Trump sobre a anexação e renomeação de territórios de outras nações, afirmando que “cada presidente cuida de seu pedaço”.
“O que eu tenho ouvido são os rompantes do presidente Trump, que quer tomar o Canadá, quer tomar a Groenlândia, quer tomar o Canal do Panamá, mudar o nome do ‘Golfo do México’ para o ‘Golfo da América’. Ou seja, ele foi eleito presidente dos Estados Unidos e tem que cuidar dos Estados Unidos. Cada presidente cuida do seu pedaço. Ele precisa tomar muito cuidado com o que ele fala porque ele está fazendo um papel que não faz parte da história dos Estados Unidos. A democracia criada e fortalecida a partir da Segunda Guerra Mundial obriga que todo presidente da República tem que cuidar do seu país, da forma mais soberana possível. Cada um administra o que é seu. Ele tem tido muitos rompantes todo dia, habitual da extrema direita no mundo inteiro, de falar todo dia e toda hora, sem medir as consequências da sua fala”, criticou.
Lula comentou a relevância das trocas comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos, ressaltando, porém, que o país não possui a mesma dependência em relação aos americanos que tinha duas décadas atrás.
“Os Estados Unidos são um parceiro comercial importante para o Brasil. Nós temos um déficit comercial de US$5 bilhões a US$7 bilhões e nós temos uma relação de US$87 bilhões com os Estados Unidos, e é muito equilibrado o que a gente exporta e o que a gente compra. Então nós não temos dependência dos Estados Unidos como tivemos há 20 anos. Temos hoje uma relação comercial e diplomática muito equilibrada no mundo. O que queremos, de verdade, é que o presidente Trump governe os Estados Unidos, que ele pare com essa história de protecionismo”, afirmou.
De acordo com o presidente, a política protecionista de Trump resultará em um aumento da inflação nos Estados Unidos.
Em 1980, quando se estabeleceu o Consenso de Washington, a palavra de ordem era ‘liberdade para o comércio’, ‘livre comércio’, ‘cada país tem que abrir suas fronteiras’, ‘os produtos têm que viajar para o mundo inteiro’, ‘tudo mundo pode comprar tudo’. Agora é contrário, agora ele está taxando os produtos de todos os países. Isso vai causar inflação nos Estados Unidos, vai aumentar o preço das coisas nos Estados Unidos. Isso pode não ser uma boa política para os Estados Unidos. Eu, sinceramente, gostaria que o presidente Trump levasse em conta que é preciso respeitar a soberania de cada país. Isso significa fortalecer a democracia”, completou.
O chefe de Estado também reprova a interferência dos Estados Unidos em questões internas de outras nações, além de criticar a postura de Trump em relação aos imigrantes.
”Do jeito que ele está fazendo, está tentando virar o imperador do mundo, tentando dar palpite em todos os países, em todas as políticas públicas, contra imigrantes. Os imigrantes que estão nos Estados Unidos foram para lá muitas vezes para trabalhar em profissões que os americanos já não queriam mais trabalhar”, disse.
Por fim, Lula voltou a afirmar que o Brasil responderá caso Trump decida taxar produtos brasileiros.
“Então queremos que se respeite as regras da democracia, a ONU, a OMC e que a gente faça uma relação comercial tranquila, soberana, sem sobressaltos. Se por acaso o presidente Trump taxar produtos brasileiros haverá reciprocidade do Brasil. Não tem outra alternativa. Isso pode encarecer os produtos para todo mundo, pode aumentar os preços para todo mundo. Então não é correto o que ele está fazendo, não é correto do ponto de vista político, porque é muita ameaça todo santo dia e isso não traz benefícios”, lamentou. (Foto: Reprodução)