O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (5) que a autoridade monetária reconhece os esforços da equipe econômica em relação à proposta de regra fiscal, apresentada na semana passada, a fim de substituir o atual teto de gastos.
O texto está sendo ajustado e deverá ser enviado ao Congresso Nacional na próxima semana.
“Nossa avaliação é superpositiva, reconhecemos os esforços, e vamos acompanhar o processo no Congresso e se haverá modificações”, disse Campos Neto em evento do Bradesco BBI, em São Paulo.
O presidente do BC ainda sustentou que a medida, conforme apresentada, “elimina o risco de cauda longa para quem achava que a dívida poderia ter uma trajetória explosiva”.
Por outro lado, ele ressaltou que não pode ser conferida uma relação direta entre política fiscal e a taxa de juros, sinalizando que não é automática a relação entre a proposta da nova regra fiscal e a perspectiva de redução da Selic, que hoje está em 13,75%, já na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), prevista para o começo de maio.
Campos Neto também destacou que existe uma ansiedade do governo com relação às receitas e despesas obrigatórias, o que deve ser visto com “parcimônia”:
“Cobrar do governo um ajuste de despesa estrutural tem de ser feito com parcimônia. Ajuste de despesas vem com reformas, leva mais tempo. Acho que a gente tem de dar credibilidade ao que o governo tem feito”.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já sinalizou que enviará nos próximos dias ao Congresso um pacote de medidas que pretende impulsionar as receitas, sem elevação da carga tributária. Entre as medidas, deverão ser propostas a taxa das apostas online e as compras de produtos importados que hoje fogem da taxação da Receita Federal. (Foto: Reuters /Adriano Machado)