Presidente da CNI afirma que manutenção dos juros foi ‘tremendo erro’

O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade, chamou de ‘tremendo erro’ a decisão do Copom de manter a taxa de juros em 13,75%.

Em entrevista a Globo News,  ele disse que a economia já reúne fatores para uma trajetória de queda. O comunicado do Banco Central também não sinaliza perspectiva de baixa.

‘Foi um tremendo erro. Nós precisávamos de uma sinalização, mesmo que pequena. Estamos discutindo uma reforma tributária, um arcabouço fiscal, a inflação está em queda, a economia está em um nível de desemprego muito alto, uma população sem renda. Temos todos os fatores para começar uma trajetória de redução da taxa de juros. Para mim, é inacreditável que não tenha tido essa redução, e mais ainda que não tenha tido uma sinalização’, criticou.

Robson Andrade explicou que o percentual de 13,75% significa uma taxa de até 30% para empresas e pessoas físicas interessadas em fazer créditos e financiamentos.

‘Não estamos falando que o tomador de crédito tira os recursos a 13,75%, o crédito bancário, hoje, pode chegar a 20%, 30%, dependendo do tamanho da empresa e daquele que vai tirar financiamento. Com uma inflação em torno de 4%, você vê o absurdo que nós estamos pagando no Brasil de juros. Como você vai investir com uma taxa nesse patamar? Como você vai consumir qualquer bem durável com um financiamento de médio prazo a 30% ao ano?’, questionou.

Sobre a reforma tributária, o presidente da CNI demonstrou muito otimismo.

Fernando Haddad, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco engrossaram o coro pelo projeto. O presidente da Câmara garantiu, inclusive, a aprovação.

‘Nós temos total confiança de que agora vai. Em muitos e muitos anos nunca estivemos tão próximos’, afirmou. ‘É legítimo que cada setor procure fazer o lobby correto de defender o interesse da classe que representa, mas o que estamos vendo de diferente é que existe uma conscientização não só no Congresso Nacional, mas da população brasileira. (…) O Brasil está ficando excluído das grandes potências, dos grandes países em desenvolvimento por ter um sistema tributário infeliz, incompreensível e completamente caótico’, analisou.

 

Duas partes do agro

Questionado sobre o peso da bancada ruralista no Congresso, Andrade admitiu que a tributação do agronegócio é baixa.

Um estudo da CNI demonstrou uma taxa de apenas 1,9% ao setor.

‘O agro tem duas partes. A agroindústria paga os tributos como se fosse indústria. Só de tributos federais, pagamos em torno de 34%. Agora, a produção de grãos, produtos agrícolas, pecuária, esse realmente hoje paga muito pouco. Por outro lado, a estimativa de crescimento do setor agrícola no Brasil é em torno de 12% nos próximos 10 anos. Essa é uma vantagem que vai ser trazida para aqueles que estão produzindo os produtos agropecuários’, ponderou.

Robson Andrade também falou sobre o poder de Lira no Congresso. O líder do Centrão trouxe a reforma para si e já afirmou que pediu a ajuda do governo para aprová-la, em uma inversão de valores sobre a relação entre Legislativo e Executivo.

‘Arthur Lira, certamente, é um líder de grande quilate. Tem uma liderança na Câmara e isso é muito bom, porque você sabe que tem uma liderança que pode fazer a Casa andar. Sem liderança, como já vimos em alguns casos no passado, a Câmara ficava um pouco paralisada. Mas o fato de ter uma liderança forte não impede que as votações sejam a favor ou contra’, disse. (Foto: Agência Estado)

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