Presidente da Bolívia troca comando das Forças Armadas e tentativa de golpe é derrotada

O presidente da Bolívia, Luis Arce, anunciou novos chefes do Exército, da Marinha e da Força Aérea após insurgência militar durante horas no país

 

O presidente Luis Arce nomeou três novos comandantes para as Forças Armadas da Bolívia após o país enfrentar uma tentativa de golpe de Estado. Com o anúncio, os militares que haviam invadido o Palácio Quemado recuaram das proximidades da sede do governo em La Paz. Os novos comandantes das Forças Armadas, nomeados por Arce, são: José Wilson Sánchez Velasquez para o Exército, Gerardo Zabala Alvarez para a Aeronáutica e Renán Guardia Ramírez para a Marinha.

Mais cedo nesta quarta-feira (26), militares comandados pelo general do Exército Juan José Zúñiga invadiram a sede presidencial em La Paz e confrontaram diretamente o presidente Luis Arce. As imagens transmitidas pela emissora Telesur mostravam uma intensa mobilização popular em defesa da democracia. Arce agradeceu ao povo pela valentia nos protestos. A Central dos Trabalhadores da Bolívia ameaçou realizar manifestações e convocar uma greve geral até a restauração da ordem constitucional.

Zúñiga é o principal suspeito de liderar a escalada golpista contra a sede presidencial. Ele atuou como comandante geral do Exército Boliviano de 2022 até esta semana, quando foi destituído pelo presidente Arce. Perdeu o cargo após uma série de ameaças ao ex-presidente Evo Morales. Em declarações recentes ele chegou a dizer que Morales “não pode mais ser presidente deste país” e afirmou que estaria disposto a oferecer a vida “pela defesa e unidade da pátria”.

O ex-comandante tinha o objetivo de entrar na Casa Grande del Pueblo, mas, segundo o jornal La Razón, foi abordado pelo próprio presidente Arce, que ordenou o recuo do general. Após o presidente prestar juramento de posse do novo alto comando militar, o soldado entrou em seu veículo blindado e deixou o local.

Em 2013, Zúñiga foi acusado de desvio e roubo de mais de 2,7 milhões de pesos bolivianos. A verba deveria ser destinada ao pagamento de programas sociais. O militar foi punido com sete dias de prisão por desfalque e falsificação de documentos. Órgãos de migração do país foram acionados para evitar a fuga de Zúñiga do país. O Ministério Público abriu investigação para apurar as irregularidades cometidas pelo general e a cúpula militar.

Recuo

Os militares deixaram o Palácio Quemado após o anúncio da troca da cúpula militar. Aqueles que haviam posicionado tanques em frente à sede presidencial em La Paz e tentaram invadir o edifício se retiraram, conforme informou a agência de notícias AFP. O recuo ocorreu após várias horas de mobilização. As tropas sob o comando do destituído chefe do Exército Juan José Zúñiga deixaram a Plaza de Armas após várias horas de uma mobilização que o presidente Luis Arce classificou como tentativa de golpe de Estado.

“Saudamos a polícia que se manteve firme com a Constituição”, declarou Arce. David Choquehuanca, vice-presidente da Bolívia, também se pronunciou: “Queremos cumprimentar a valentia de todos que se levantaram contra essa tentativa de golpe de Estado”.

(Foto: Gaston Brito Miserocchi/Getty Images)

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