(*) Bia Cardoso – A proliferação do mexilhão-dourado no lago da Usina Hidrelétrica de Tucuruí tem causado grande preocupação entre pescadores e comunidades ribeirinhas da região.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra a presença maciça do molusco, que se espalhou pelas águas, árvores e ramagens ao redor do lago, evidenciando a gravidade da situação.
O mexilhão-dourado, originário da Ásia, tornou-se uma praga nos rios e reservatórios de água doce em várias partes do Brasil. Seu impacto principal é econômico, afetando especialmente o setor de energia. A espécie se fixa em superfícies submersas, em pedrais formando incrustações que comprometem a operação não só da pesca na região como também de hidrelétricas.

Em casos extremos, as colônias de mexilhões podem atingir densidades superiores a 100 mil indivíduos por metro quadrado, exigindo paradas frequentes para manutenção e limpeza.
As comunidades ribeirinhas estão apavoradas com o avanço da praga e cobram da Secretaria de Meio Ambiente do estado e do Ibama , uma medida urgente para conter o molusco .
O mexilhão-dourado compete com espécies nativas por alimento e espaço podendo levar a extinção delas. A contaminação da água favorecendo o crescimento de bactérias que produzem toxinas nocivas à saúde humana . A situação é considerada gravíssima pelos pescadores e ribeirinhos.

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o mexilhão-dourado já está presente em pelo menos 50 hidrelétricas brasileiras. Os prejuízos são significativos: uma usina de pequeno porte pode perder cerca de R$ 40 mil por dia em cada dia de paralisação. Um exemplo mais dramático é o da Usina de Itaipu, onde o aumento na frequência de manutenção das turbinas devido ao mexilhão-dourado gerou um custo adicional de aproximadamente US$ 1 milhão por dia de limpeza.
Diante desse cenário, o Ibama incluiu o mexilhão-dourado entre as três espécies exóticas invasoras que são alvo de planos de controle. Em dezembro de 2018, o órgão publicou o Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Mexilhão-dourado no Brasil, na tentativa de mitigar os danos causados por essa espécie invasora.
(*) Bia Cardoso é jornalista e assessora parlamentar em Brasília, repórter do portal Opinião em Pauta.