Riqueza dos cinco homens mais ricos do mundo aumentou 114% desde 2020, enquanto que a de 5 bilhões de pessoas diminuiu no mesmo período. No Brasil, 4 dos 5 bilionários aumentaram em 51% a riqueza; 129 milhões ficaram mais pobres.
Relatório “Desigualdade S.A. – Como o poder corporativo divide nosso mundo e a necessidade de uma nova era de ação pública”, divulgado pela Oxfam nesta segunda-feira (15), revela que “a riqueza dos cinco maiores bilionários do mundo dobrou desde 2020, enquanto a de 60% da população global – cerca de 5 bilhões de pessoas – diminuiu nesse mesmo período”. O estudo traz dados que escancaram a desigualdade social também no Brasil, onde 4 dos 5 bilionários brasileiros mais ricos aumentaram em 51% sua riqueza desde 2020; ao mesmo tempo, 129 milhões de brasileiros ficaram mais pobres.
O levantamento foi publicado por ocasião do encontro do Fórum Econômico Mundial em Davos, que reúne nos Alpes suíços o topo da pirâmide política e econômica global. O estudo revela que a soma de bilionários do planeta está US$ 3,3 trilhões —ou 34%— mais rica do que no início desta década de crise, e seu patrimônio cresceu o triplo do que a inflação no período.
Enquanto isso, a riqueza dos 60% mais pobres, que era de 2,26%, caiu para 2,23%, segundo os dados compilados pela ONG a partir do Relatório Global de Riqueza de 2023, do banco suíço UBS, e dos dados globais de riqueza do Credit Suisse relativos a 2019, período anterior à pandemia de coronavírus. O estudo traz dados que escancaram a desigualdade social também no Brasil, onde quatro dos cinco bilionários mais ricos aumentaram em 51% sua riqueza desde 2020; ao mesmo tempo, 129 milhões de brasileiros ficaram mais pobres.
“O G20, atualmente sob a liderança do Brasil, deve defender um novo acordo internacional para aumentar os impostos sobre a renda e o patrimônio dos indivíduos mais ricos do mundo”, diz o relatório, cobrando uma iniciativa de Lula para a taxação das grandes fortunas como forma de reduzir a desigualdade no mundo.
Segundo o relatório, houve redução de impostos cobrados das grandes corporações nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A Oxfam ainda cita o Brasil como exemplo de país que não cobra impostos dos lucros transferidos para acionistas das grandes empresas.
“A redução dos impostos cobrados de empresas ocorreu juntamente com uma tributação muito baixa dos tipos de rendimentos que elas pagam aos seus acionistas. Nos países da OCDE, a alíquota marginal máxima média sobre dividendos diminuiu muito desde 1980, de 61% para 42%, e em alguns países, como o Brasil, eles simplesmente não são tributados. Além disso, a renda recebida com a venda de ações em empresas é tributada, em média, em apenas 18% em 123 países, muito abaixo das alíquotas mais elevadas aplicadas à renda do trabalho (cerca de 31% nas maiores economias do mundo)”, diz o estudo.
A Oxfam liga o aumento de patrimônio dos mais ricos a um aumento do poder das corporações e ao crescimento do monopólio em diversos setores, o que se reflete, para a ONG, à forte presença de presidentes-executivos de empresas entre os bilionários e vice-versa. Segundo o relatório, 37% dos CEOs das 50 maiores empresas do mundo estão na lista de bilionários.
Isso ocorre especialmente no de tecnologia —3 dos 5 mais ricos do mundo advêm dessa área (Musk, o dono da Amazon, Jeff Bezos, e o da Oracle, Larry Ellison; o segundo é Bernard Arnault, do grupo de varejo de luxo LVMH, e o quinto é Buffett)— e catalisa a desigualdade geográfica. Além da desigualdade entre pobres e ricos, com 50% dos ativos globais nas mãos de 1% da população (ou 60%, no caso brasileiro), o estudo ressalta os abismos entre países ricos e países pobres; a diferença de renda entre brancos e negros e a falta de equidade entre homens e mulheres.
Em 2023, 69% da riqueza e 74% dos bilionários se concentravam nos países mais desenvolvidos, localizados sobretudo no hemisfério Norte e que abrigam apenas 21% da população.
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