Operação tenta prender o político e outros dois envolvidos; Telmário Mota é o principal suspeito de mandar matar Antonia Araújo de Sousa, cuja filha o acusou de estupro no ano passado
Uma operação da Polícia Civil de Roraima tenta prender o ex-senador Telmário Mota (Solidariedade-RR). Ele é suspeito de ser o mandante do assassinato de Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos. A mulher é mãe de uma filha de 18 anos do ex-senador que o acusou, no ano passado, de tentar abusar dela sexualmente. Policiais tentam localizar Telmário em Brasília. Também há mandados de prisão contra Harrison Nei Correa Mota, conhecido como Ney Mentira, e Leandro Luiz da Conceição. Ney é suspeito de ter intermediado a contratação de Leandro, apontado como autor dos disparos que mataram Antônia em 29 de setembro, quando ela estava no carro de um parente.
De acordo com a Polícia Civil, Telmário já possui um mandado de prisão em aberto. Ao todo, na manhã desta segunda, a polícia cumpre três mandados de prisão e sete de buscas e apreensão. A operação ocorre com apoio da Polícia Militar, da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
O crime
Antônia foi morta com um tiro na cabeça no dia 29 de setembro, por volta das 6h30, quando saía de casa para trabalhar. O crime foi executado por duas pessoas em uma moto. Segundo com a investigação da Polícia Civil obtida pela Rede Amazônica, a decisão de matar Antônia partiu de uma reunião na fazenda Caçada Real, onde Telmário Mota incumbiu o sobrinho Ney Mentira de executar o crime.
Os investigadores descobriram que a moto usada pelos assassinos no dia do crime foi comprada por Ney. Ney Mentira teria comprado a moto utilizada pelos criminosos. Ainda segundo os investigadores, o veículo foi adquirido por R$ 4 mil em espécie, estava em nome de outra pessoa e tinha documentação irregular. O sobrinho do ex-senador já possuía acusações de homicídio qualificado, estelionato, roubo majorado, furto qualificado e apropriação indébita.
Conforme o relatório, o sobrinho entregou o veículo “para uma assessora do ex-senador levar até uma oficina e realizar alguns reparos/revisão. Em seguida, pediu para a assessora entregar a moto para os autores do crime em um local indicado”. A Polícia Civil diz ter um vídeo que mostra a ex-assessora entregando a moto aos assassinos um dia antes do crime.
Além de Mota e Ney, também é alvo da operação Leandro Luz da Conceição, apontado como suspeito de ter dado o tiro que matou Antônia. Leandro foi preso nesta segunda-feira (30). Ele já era investigado por latrocínio após a morte da empresária Joicilene Camilo dos Reis, de 47 anos. Em dezembro de 2019, ela foi encontrada morta dentro de casa, com as mãos amarradas por um fio elétrico.
Há dez meses fora do Senado Federal, Telmário ocupou uma cadeira no Congresso Nacional entre 2015 e 2022, mas não foi reeleito nas eleições do ano passado. Em agosto de 2022, a filha de 17 anos do ex-senador com Antônia o acusou de estupro e registrou um boletim de ocorrência contra ele. Na ocasião, a adolescente afirmou que ele a forçou entrar no carro e tocou suas partes íntimas.
Formado em economia e contabilidade, antes do Senado Federal, entre 2008 e 2012, Telmário foi vereador de Boa Vista, capital de Roraima. À época, ele era filiado ao PDT. Em 2017, contudo, terminou expulso da sigla por ter votado a favor da PEC do teto dos gastos públicos. Nas eleições de 2018, foi candidato ao governo de Roraima pelo PTB, mas ficou em último lugar. No ano seguinte, filiou-se ao PROS.
(Foto: Agência Senado)