Polícia investigará vereador que propôs CPI contra padre Júlio Lancellotti

MP-SP pediu abertura de inquérito policial para apurar conduta de Rubinho Nunes após representação de Instituto Padre Ticão

 

A Polícia Civil de São Paulo instaurou nesta segunda-feira (24) um inquérito contra o vereador bolsonarista Rubinho Nunes (União Brasil), que no início do ano tentou aprovar duas Comissões Parlamentar de Inquérito (CPIs) na Câmara Municipal que miravam o trabalho filantrópico do padre Júlio Lancellotti, da Paróquia de São Miguel Arcanjo.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o 1º Distrito Policial atendeu a um pedido do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). “Diligências estão em andamento, visando o total esclarecimento dos fatos. Detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial”, diz o comunicado.

O MP-SP foi acionado pelos representantes do Instituto Padre Ticão, que atuam em favor de Lancellotti. Os advogados do instituto sugerem, na notícia-crime apresentada em 5 de janeiro, que houve abuso de autoridade por parte do vereador, apontando que não houve indício de irregularidades que justificariam a instalação da CPI.

“Uma CPI é um instrumento muito caro à sociedade democrática, não podendo seu uso ser indiscriminado e flutuar ao sabor das circunstâncias, destoando do interesse público”, diz o instituto na representação inicial.

O promotor Paulo Henrique Castex, da 4ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital, determinou a instauração do inquérito sob o argumento de que é preciso apurar se de fato houve repercussão criminal. Após tomar conhecimento do caso, Rubinho Nunes afirmou que a decisão do MP é um “completo absurdo” e disse que o objetivo é intimidá-lo.

Tudo começou em dezembro do ano passado, quando Rubinho Nunes propôs a CPI das ONGs. Em janeiro, a iniciativa que chegou a ter 25 assinaturas, virou alvo de repúdio dentro e fora da Casa quando o vereador passou a citar o nome de Lancellotti publicamente. O requerimento inicial não citava o pároco.

“Existe uma chamada máfia da miséria para obter ganhos por meio da boa-fé da população e isso não é ético e nem moral. O padre Júlio é o verdadeiro cafetão de miséria em São Paulo. A atuação dele retroalimenta a situação das pessoas. Não é só comida e sabonete que vai resolver a situação”, disse o parlamentar na época. Já em março, uma nova CPI foi proposta. Desta vez, para investigar abuso sexual contra moradores de rua da cidade de São Paulo. Apesar de não citar novamente Júlio Lancellotti, o vereador voltou a fazer associações.

(Foto: Reprodução)

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