Planeta completa 12 meses consecutivos com recorde de calor

O secretário-geral da ONU, António Guterres, comparou o papel da humanidade no aquecimento global ao do meteoro que exterminou os dinossauros: “Somos o meteoro”

 

A temperatura média global atingiu valor recorde em maio deste ano pelo 12º mês consecutivo, segundo os cientistas do observatório europeu Copernicus. O relatório Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S) apontou um aumento de 0,65ºC comparado à média de 1991 e 2020.

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, citou os dados do C3S ao pedir por uma ação urgente nesta quarta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente. De acordo com os cientistas, todos os meses desde junho de 2023 registraram temperaturas cada vez mais quentes. Com isso, eles consideram o período atual uma “emergência climática”.

O problema é que, mesmo se a sequência de recordes for interrompida no próximo mês, as suas sequelas serão permanentes e não apresentam tendência de mudança, como explicou Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), em comunicado.

“É chocante, mas não surpreendente que tenhamos alcançado essa sequência de 12 meses. Estamos vivendo em tempos sem precedentes, mas também temos habilidades sem precedentes para monitorar o clima e isso pode ajudar a informar nossas ações”, afirmou o diretor.

Segundo os cientistas, o mês de maio de 2024 teve um fenômeno chamado de anomalia de temperatura, um desvio considerável das médias históricas. No caso, foi registrado um desvio de 0,65ºC acima da média de abril de 1991-2020. Nos últimos doze meses, a temperatura média global atingiu vários recordes até chegar a 0,75°C acima da média de 1991-2020 e 1,63°C acima da média pré-industrial de 1850-1900.

Outro relatório divulgado nesta quarta, desta vez pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), também trouxe dados preocupantes: há 80% de chance da temperatura global ultrapassar 1,5ºC acima do limite seguro nos próximos cinco anos. O limite seguro diz respeito à taxa média estabelecida pelo Acordo de Paris como uma meta “aspiracional” de limitar o aquecimento da Terra neste século a 1,5ºC em relação à era pré-industrial, quando o clima global passou a ser severamente afetado pelos gases de efeito estufa.

“Este é um aviso claro de que estamos cada vez mais próximos dos limiares estabelecidas no Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, que se referem a aumentos de temperatura a longo prazo ao longo de décadas, não de um a cinco anos”, disse a OMM, em nota.

Ainda nesta quarta, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez uma comparação entre o papel da humanidade no aquecimento global ao do meteoro que exterminou os dinossauros da Terra. “Das grandes forças que moldaram a vida na Terra ao longo de bilhões de anos, a humanidade é apenas um pontinho no radar” começou Guterres no Museu Americano de História Natural, em Nova York, enquanto divulgava os dados do laboratório Copernicus.

“Mas, assim como o meteorito que exterminou os dinossauros, estamos causando um impacto gigantesco. No caso do clima, não somos os dinossauros. Nós somos o meteoro. Não estamos apenas em perigo. Nós somos o perigo”, continuou o secretário.

Apesar da “bronca”, Guterres também afirmou que os humanos “são a solução” e reforçou a importância de ações que ajudem a limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C acima da era pré-industrial, advertindo que a meta do Acordo de Paris está “por um fio”.

(Foto: Prefeitura de Jundiaí)

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