A avaliação mostra que notas do país não tiveram variação significativa, enquanto nações mais ricas registraram queda histórica de 15 pontos
O ministro da Educação, Camilo Santana, admitiu nesta terça-feira (5), depois da divulgação dos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em ingês) de 2022, que a correção do baixo desempenho dos estudantes brasileiros em Matemática é “um grande desafio” para o governo federal. Já o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é responsável pelo exame, Mathias Cormann, destacou a estabilidade da nota registrada pelo país, apesar dos efeitos da pandemia de Covid-19.
Nesta edição, os países da OCDE registraram uma queda histórica de 15 pontos em Matemática, enquanto no Brasil o recuo foi de 5 pontos, variação sem relevância estatística. “Percebemos uma queda sem precedentes por causa dos efeitos da Covid, equivalente a quase metade de um ano de aprendizado. O Brasil, porém, foi uma das poucas exceções em que a performance não piorou. Permanece estável desde 2009 sim, mas a estabilidade foi impressionante especialmente considerando que as escolas foram fechadas”, avaliou Cormann.
Apesar da estabilidade, os resultados apontam que o país está entre os 20 piores do mundo em Matemática e Ciências. Em Leitura, fica entre os 30 piores. Segundo o levantamento, no Brasil, 73% dos alunos de 15 anos não alcançaram o nível 2 (básico) em conhecimentos matemáticos, não conseguindo converter moedas ou comparar distâncias. Na média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), índice é de 31%.
“Matemática é um grande desafio para nós”, afirmou o ministro Camilo Santana durante a apresentação dos dados, nesta terça-feira.
O ministro também ressaltou que a queda nas três áreas de conhecimento avaliadas foi leve em comparação à última edição, em 2018, tendo em consideração os obstáculos na Educação Básica durante a pandemia da Covid-19. O Brasil ocupa a 65ª posição em Matemática, 52ª em Leitura e 62ª em Ciências entre os 81 participantes deste ano. Veja o ranking abaixo. Em 2018, o país estava em posições ainda piores — 71º em Matemática, 57º em Leitura e 64º em Ciências. No entanto, essa melhora se deu especialmente porque seis participantes que estavam à frente do Brasil não tiveram notas neste ano.
Camilo Santana disse que o MEC “está construindo uma série de políticas” que irão fazer com que o Brasil melhore no próximo Pisa, em 2025. O titular citou, por exemplo, a ampliação do tempo integral nas escolas, o aperfeiçoamento do Novo Ensino Médio, a bolsa para reduzir evasão escolar e a nova política de alfabetização na idade certa. O ministro também aproveitou para reforçar o combate que a pasta vem protagonizando ao avanço dos cursos de licenciatura à distância.
“Nós suspendemos novos cursos EAD de licenciatura. A ideia do ministério é não permitir mais (cursos de licenciatura) 100% a distância”, declarou. “Só vamos melhorar a qualidade da educação melhorando a qualidade da formação de professores”, complementou. Os exames foram aplicados entre abril e maio do ano passado em 606 escolas brasileiras de 420 municípios, nas 27 unidades da Federação, com pouco mais de 14 mil jovens selecionados para participar.
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)