A Procuradoria-Geral da República (PGR) recorreu, nesta terça-feira (4), da decisão que anulou todos os atos praticados pela 13ª Vara Federal de Curitiba contra Marcelo Bahia Odebrecht na Operação Lava Jato.
A determinação foi dada pelo ministro Dias Toffoli, em 21 de maio, após um pedido da defesa. Marcelo Odebrecht foi presidente da construtora Odebrecht, atual Novonor.
A decisão do ministro não anulou o acordo de delação premiada firmado pelo ex-executivo.
No recurso, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pede que Toffoli reconsidere sua decisão ou que encaminhe o caso para análise do plenário do STF.
Segundo Gonet, o ex-executivo não demonstrou irregularidades nos processos que respondia na Justiça de Curitiba. Ele também argumentou que o Supremo não teria competência para analisar alegações do tipo.
“Se há vício na atuação de membros do Ministério Público e da magistratura na primeira instância, não há previsão constitucional para o conhecimento do assunto originariamente no STF”, afirmou.
A PGR disse no documento que Odebrecht admitiu crimes, em seu acordo de delação, e que tais fatos não dependem de “avaliação crítica que se possa fazer da Força Tarefa da Lava-Jato em Curitiba”.
Gonet ressaltou que o acordo foi firmado na PGR, e não na Justiça Federal no Paraná. “Os termos desse acordo não foram declarados ilegais e foram homologados, não pelo Juízo de Curitiba, mas pelo Supremo Tribunal Federal, tudo sem nenhuma coordenação de esforços com a Justiça Federal do Paraná”.
Para o procurador-geral da República, se o acordo de colaboração de Marcelo Odebrecht não for anulado, não é possível a anulação das decisões “em consequência direta das descobertas obtidas nesse mesmo acordo”.
“Tem-se aí mais um motivo para que não subsista a determinação em abstrato de anulação de todos os atos persecutórios sofridos pelo requerente”, afirmou. (Foto: GIULIANO GOMES/ESTADÃO CONTEÚDO/AE)