PGR pode pedir 30 anos de prisão para Bolsonaro

Bolsonaro é um dos investigados no inquérito dos atos antidemocráticos e a expectativa é que ele esteja na lista dos autores intelectuais dos atos golpistas de 8 de janeiro

 

 

Com a abertura do ano judiciário brasileiro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) está acelerando para dar início a uma nova rodada de denúncias sobre a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro do ano passado e a expectativa é que o foco esteja nos responsáveis intelectuais e financiadores dos ataques à democracia e às instituições. Segundo a coluna do jornalista Ricardo Noblat, do Metrópoles, “é aí que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entra. Ele é um dos investigados no inquérito das manifestações antidemocráticas e a expectativa é que ele esteja na lista dos autores intelectuais destacada pela PGR”.

Em função disso, “BOLSONARO PRESO” foi parar entre os termos mais comentados do X (ex-Twitter) na noite da última quinta-feira (1). A coluna diz que ainda não há uma “data precisa” para que a PGR denuncie o ex-presidente. No entanto, fontes da Polícia Federal (PF) dizem que “já há provas suficientes” para embasar a denúncia. No final do ano passado, já sob comando de Paulo Gonet, a PGR apresentou a primeira denúncia contra um dos financiadores dos atos golpistas. O primeiro denunciado é um morador de Londrina (PR), que teria financiado quatro ônibus para levar os golpistas até Brasília.

Ele deve responder por associação criminosa armada; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima, além de deterioração de patrimônio tombado. Somadas as penas máximas passam de 30 anos de reclusão. De acordo com o Blog do Noblat, os crimes imputados a ele “devem ser servir de exemplo para as próximas denúncias”.

Além do envolvimento no 8 de janeiro, Bolsonaro também deve virar alvo nas investigações que apuram esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Bolsonaro falou sobre o tema em entrevista à Revista Oeste, veículo bolsonarista, e voltou a negar a existência de uma “Abin Paralela”. Como justificativa, abusou de teorias da conspiração. “Quando a esquerda acusa alguém de uma coisa é porque está fazendo essa coisa”. Segundo ele, “ninguém tem controle sobre os serviços de inteligência”.

Ele também se esquivou de explicar as declarações do ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência da República Gustavo Bebianno, que disse, em entrevista ao programa Roda Vida, em março de 2020, que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sugeriu a criação da chamada “Abin paralela”.

“Meu filho Carlos não tinha simpatia pelo Bebianno, todo mundo sabia disso”, disse Bolsonaro. Além disso, reafirmou que demitiu o seu então ministro por ele ter vazado áudios que enviou a jornalistas da TV Globo. “Bebianno não está entre nós mais, não quero aprofundar esse assunto, para respeitar os mortos”.

Para Bolsonaro, a busca e apreensão da PF em sua casa de praia, em Angra dos Reis, na última segunda, foi uma reação ao suposto sucesso de uma live que realizou com os filhos um dia antes. Disse que quando os policiais chegaram, estava no mar com os filhos Carlos e Flávio Bolsonaro (senador), e outros amigos.

“Essa história de Abin paralela é para ofuscar o 8 de janeiro. Assim como o 8 de janeiro é para ofuscar algo que aconteceu em 2022, que não vou entrar em detalhes aqui agora”, disse Bolsonaro, insinuando novamente suposta fraude nas eleições. “Assim como a busca e apreensão na minha casa foi para ofuscar a live de domingo”, acrescentou. “Eu sou a cereja do bolo, eles querem minha cabeça. Vão ter? Só na base da arbitrariedade”, reclamou.

 

(Foto: Reprodução)

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