PF suspeita que Jair Bolsonaro usou a Embaixada da Hungria para se encontrar com aliados com os quais está proibido de falar. Se comprovado, o ex-mandatário poderá ser preso
A Polícia Federal investiga visitas recebidas por Jair Bolsonaro no período em que o ex-presidente brasileiro se hospedou na Embaixada da Hungria em Brasília, no mês de fevereiro. A suspeita é de que Bolsonaro possa ter usado a representação diplomática para se encontrar com aliados, com os quais está proibido de manter contato por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, informa Igor Gadelha, do portal Metrópoles.
A estada de Bolsonaro na embaixada húngara veio à tona após uma reportagem do jornal The New York Times, que teve acesso a vídeos do sistema de segurança da representação diplomática no Brasil. De acordo com o jornal, Bolsonaro chegou à embaixada na noite de 12 de fevereiro, segunda-feira de Carnaval, e permaneceu até 14 de fevereiro.
Durante sua hospedagem na embaixada, Bolsonaro recebeu pelo menos uma visita no local, na noite de 13 de fevereiro, terça-feira de Carnaval. O visitante, cuja identidade ainda não foi revelada, chegou no banco de trás do carro de Bolsonaro carregando uma mochila e deixou o local 38 minutos depois, também levando uma mochila. Até o momento, Bolsonaro e sua assessoria não responderam aos pedidos de esclarecimento sobre essas visitas. A permanência de Bolsonaro na embaixada ocorreu dias após a PF apreender seu passaporte em uma investigação que apura uma suposta trama golpista.
De acordo com a legislação internacional, embaixadas são consideradas invioláveis e estão sob a jurisdição dos países aos quais pertencem, o que significa que mesmo com uma eventual ordem de prisão do STF, Bolsonaro não poderia ser detido dentro da embaixada sem a autorização das autoridades da Hungria. Bolsonaro mantém uma relação próxima com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, e ambos se encontraram em dezembro na posse de Javier Milei, em Buenos Aires.
Após a divulgação da visita à embaixada húngara, parlamentares passaram a pedir que o STF decrete a prisão preventiva de Bolsonaro. Alexandre de Moraes deu um prazo – que se esgota nesta quarta-feira (27) – de 48 horas para o ex-mandatário explicar a visita à representação diplomática.
(Foto: Reprodução/NYT)