PF solicita novo inquérito no caso Marielle Franco contra Chiquinho Brazão

Pedido foi enviado ao relator do caso no STF, o ministro Alexandre de Moraes

 

A Polícia Federal (PF) pediu, nesta quinta-feira (23), ao Supremo Tribunal Federal (STF), a abertura de um novo inquérito contra o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), que está preso em função das investigações sobre o assassinato, no Rio de Janeiro, da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. No pedido enviado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, a PF diz que encontrou indícios de desvio de recursos de emendas parlamentares para “obtenção de vantagens indevidas” pelo deputado.

A PF afirma ter indícios de que Brazão e o ex-deputado federal Pedro Augusto Palareti (PP-RJ) operavam um esquema de desvio de emendas. As evidências teriam sido colhidas após a apreensão do celular de Robson Calixto da Fonseca, ex-assessor de Domingos Brazão, no Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Ele é irmão de Chiquinho e também está preso acusado de ser um dos mandantes do crime contra Marielle.

“Ante a eloquência dos indícios de crimes contra a administração pública possivelmente praticados por parlamentares federais no exercício de seus respectivos mandatos, se mostra necessária a autorização de abertura de inquérito para apuração de tais condutas junto a este STF”, escreveu a Polícia Federal.

Robson foi preso no começo do mês, suspeito de ter intermediado uma reunião entre os irmão Brazão e Ronnie Lessa, executor confesso do assassinato da vereadora. Segundo a PF, Wendre Dias, assistente de Chiquinho Brazão, enviou mensagens a Robson, que também é conhecido como Peixe, em que pede a aprovação de emendas que somam R$ 4 milhões. Peixe teria sido o responsável pelas transferências dos valores.

O relatório da corporação indica que foram encontradas no celular de Robson imagens que envolvem emendas, compra de bens de luxo e o contato com deputados tratando sobre o assunto. Peixe queria “angariar, para si, patrimônio potencialmente incompatível com suas fontes de renda lícitas”.

Em 2023, como aponta a PF, ele teria comprado uma cobertura em um condomínio no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, avaliada em R$ 2,2 milhões. Os montantes eram transferidos para contas da empresa Elohim Serviços Terceirizados, cuja única sócia é Maria Clara Fonseca, filha de Robson. “Foi possível sedimentar a atuação de PEIXE como homem que atua nos bastidores na defesa dos interesses espúrios da Família BRAZÃO, de modo a angariar, para si, patrimônio potencialmente incompatível com suas fontes de renda lícitas”, diz o relatório da PF.

A PF encontrou, ainda, trocas de mensagens entre Robson e Maria de Fátima Bezerra, assessora do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A corporação afirma ter encontrado mensagens que apontam que em pelo menos duas ocasiões Robson a cobrou do encaminhamento das emendas. O relatorio não aponta, no entanto, se houve resposta e também não aponta indícios de envolvimento ilegal de Flavio.

(Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

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