Justiça determinou o bloqueio de até R$ 40 milhões de suspeitos de financiarem as invasões. Agentes encontraram arsenal de armas e munições em residência de empresário no Mato Grosso do Sul
A Polícia Federal (PF) iniciou, na manhã desta quinta-feira (11), a realização da 11ª fase da Operação Lesa Pátria. Estão sendo cumpridos 22 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. O ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de até R$ 40 milhões de ativos dos investigados para reparar os danos causados ao patrimônio público no 8 de janeiro. Entre os alvos estão produtores rurais e colecionadores de armas, atiradores ou caçadores esportivos (CACs).
Adoilto Fernandes Coronel, dono de uma empresa de materiais de construção de Maracaju, no interior do Mato Grosso do Sul, é um dos nomes na mira da PF nesta quinta. Ele também consta na lista da Advocacia Geral da União (AGU) como o patrocinador de uma caravana que levou 56 pessoas de Maracaju a Brasília no fim de semana dos ataques golpistas. A AGU cobra desses suspeitos um valor de R$ 20,7 milhões como compensação pela depredação dos prédios públicos. A PF encontrou na residência de Adoilto um conjunto de armas – duas espingardas, uma submetralhadora, uma pistola e um revólver, além de munições.
Outro alvo é o empresário e produtor rural Geraldo Cesar Killer, de Bauru, no interior de São Paulo. Ele é sócio de empresas de atacado e distribuição de frutas e uma que cuida de loteamento, aluguel e venda de imóveis no interior paulista. Maços de dinheiro em espécie foram apreendidos na residência dele. Nas eleições de 2022, Killer aparece como doador de R$ 10 mil à campanha à reeleição do então presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele também fez um repasse no mesmo valor para o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Marcos Pontes (PL-SP), que foi eleito ao Senado.
A investigação se baseia nos crimes de violação do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, incitação ao crime, associação criminosa, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido. Na próxima terça-feira (16), será feita no Supremo a apreciação de mais de 250 denúncias contra acusados de envolvimento nos atos terroristas do 8 de janeiro. O julgamento será em sessão virtual extraordinária do Plenário, convocada pela ministra Rosa Weber, presidente do STF. Até o momento, outras 550 golpistas já se tornaram réus na Corte em razão dos atos antidemocráticos. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)