PF localiza em Londres livro raro de 1823 roubado de museu no Pará há 16 anos

Obra tinha sido levada do museu Emílio Goeldi em 2008, junto com outros livros raros. Ação contou com a cooperação da Scotland Yard; autoridades tentam descobrir quem são os chefes da quadrilha especializada no furto de obras de arte

 

A Polícia Federal (PF) recuperou nesta quarta-feira (1º) mais um livro raro que foi roubado do Museu Emilio Goeldi, no Pará, em dezembro de 2008. Com isso, a PF já recuperou quatro das 60 obras furtadas da instituição por uma quadrilha especializada em objetos raros – dois só neste ano. A operação contou com a cooperação da unidade especializada em Artes e Antiguidades da Polícia Metropolitana de Londres (Scotland Yard) e foi localizada na capital do Reino Unido.

Intitulado de “De Macacos e Morcegos Brasileiros – Novas espécies: Observações e recomendações durante a viagem no interior do Brasil”, a obra de 1817 foi escrita pelo zoólogo alemão Johann Baptist von Spix, que foi um dos primeiros a estudar e catalogar os animais da Amazônia.

De acordo com reportagem do O Globo, além de localizar as obras perdidas, a PF busca identificar os receptadores e intermediários que lucraram com as vendas dos livros no mercado restrito de colecionadores. Após ser arquivada sem chegar a uma solução, a investigação foi reaberta em 2023 com o objetivo de descobrir os líderes da quadrilha.

Os investigadores suspeitam que haja um estrangeiro entre os ladrões que fazia o levantamento dos livros e estudava as vulnerabilidades do museu se passando por pesquisador. Ele também teria conhecimento sobre o valor monetário e histórico dos objetos. Os outros livros foram encontrados em Nova York e Buenos Aires, em 2014 e 2023, respectivamente.

A PF estima que cada um dos livros roubados vale cerca de 100 a 200 mil reais no mercado de obras raras – o crime teria causado um prejuízo total de R$ 4 milhões. O diretor do Museu Emílio Goeldi, Nilson Gabas Júnior, disse que nunca conseguiu contabilizar o preço mercadológico de cada obra, porque elas têm um “valor inestimável”. Segundo ele, os livros carregam a memória das expedições e pesquisas feitas na Amazônia nos últimos séculos.

“Essas obras se inserem no contexto da história dos naturalistas da Amazônia e têm um valor inestimável. Para a produção do conhecimento, não tem um valor mensurado”, disse ele.

(Foto: PF/Divulgação)

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