Acessos indevidos no Siafi foram a etapa inicial de uma série de transações ilegais para transferir valores para contas particulares. Até o momento, apenas R$ 2 milhões foram recuperados
A Polícia Federal (PF) investiga a invasão ao Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), que serve para pagar servidores públicos, fornecedores e efetuar transferências oficiais para Estados e municípios. A suspeita é de que, pelo menos, R$ 14 milhões em dinheiro público que deveria ir para uma empresa de tecnologia do governo federal foi desviado do Ministério da Gestão e Serviços Públicos (MGI) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para outros lugares, caindo em contas abertas em nome de empresas e pessoas físicas diferentes. A investigação do caso está sob sigilo. Até o momento, há informação de que apenas R$ 2 milhões foram recuperados.
Apesar de ser gerido pelo Tesouro Nacional, o Siafi é usado para a execução de ordens de pagamento de órgãos do Poder Executivo, do Legislativo e do Judiciário. O dinheiro estava reservado para o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), empresa de tecnologia do governo federal, e deveria custear serviços de tecnologia da informação, suporte a sistemas eletrônicos e manutenção de bases de dados oficiais. Os recursos, porém, foram parar em contas em nome de empresas, incluindo, uma construtora, uma mineradora e uma vendedora de bebidas, além de pessoas físicas e beneficiários de programas sociais.
Até agora, o governo reconhecia apenas que credenciais de acesso de servidores públicos tinham sido usadas para a realização de acessos indevidos. A informação de que foram subtraídos pelos crackers (termo usado para criminosos que atuam pela internet) R$ 14 milhões foi publicada pelo jornal Estado de S.Paulo. As diligências iniciais apontam que foram abertas contas em nomes de pessoas e empresas que tiveram os dados roubados.
Um vendedor de ração de Ribeirão Preto (SP) seria o destino de R$ 1 milhão que foram desviados. No entanto, o homem afirma que teve os dados roubados e a suspeita é de que os criminosos criaram contas falsas no nome dele. Uma conta bancária em nome de uma empresa de pequeno porte que vende água em Paulínia também recebeu parte dos recursos.
A maior leva dos desvios ocorreu em 10 de abril. quando R$ 10 milhões que deveriam ser enviados ao Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) foram desviados do TSE para contas em nome de particulares. Do montante total, apenas R$ 2 milhões acabaram recuperados até agora. A investigação aberta pela Polícia Federal continua em andamento e já identificou alguns suspeitos de terem realizado a ação. A corporação acredita que uma organização criminosa está por trás das fraudes.
(Foto: Aleksandar Malivuk/Shutterstock)