PF indicia Sérgio Reis e Zé Trovão por atos antidemocráticos

Investigadores apontam para incitação ao crime dos investigados por ato antidemocrático durante governo Bolsonaro

 

A Polícia Federal (PF) indiciou, o deputado federal Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão (PL), e o cantor Sérgio Reis pela organização dos atos antidemocráticos no 7 de setembro de 2021. Outras onze pessoas também foram indiciadas pela corporação no mesmo caso.

A PF atribuiu a eles os crimes de incitação ao crime, associação criminosa e tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes. O relatório final da Polícia Federal foi entregue ao Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, a quem cabe formular a denúncia ou pedir o arquivamento do caso. A investigação foi aberta a pedido da ex-subprocuradora-geral Lindôra Maria Araújo.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou o evento em comemoração do bicentenário da Independência do Brasil como palanque político. Na ocasião, o ex-capitão ameaçou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal , e instigou seus apoiadores contra as instituições democráticas do País.

Na ocasião, Trovão e Reis participaram da convocação de manifestações que pediam o fechamento e “invasão” do Supremo Tribunal Federal (STF) e um “ultimato” ao Senado Federal. Segundo o pedido de investigação formulado pela PGR, as provas indicavam a “atuação dos investigados na divulgação de mensagens, agressões e ameaças contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições”.

A PGR também dizia que postagens e vídeos publicadas naquela época pelos investigados tinham “convocado a população, através de redes sociais, a praticar atos criminosos e violentos de protesto às vésperas do feriado de 7/9/2021, durante uma suposta manifestação e greve de ‘caminhoneiros'”. Procurada, a defesa de Trovão ainda não se manifestou sobre o indiciamento.

Por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Zé Trovão, chegou a ter prisão preventiva decretada, ficou foragido e depois se entregou à PF. Ele ficou preso até o fim de 2021, quando foi autorizado a cumprir reclusão domiciliar. No ano seguinte, ele se candidatou e se elegeu deputado federal pelo PL.

Sergio Reis, por sua vez, chegou a ser alvo de mandados de busca e apreensão e foi impedido de circular até um quilômetro de distância da Praça dos Três Poderes.

Os dois seriam responsáveis pelo convocação de caminhoneiros para “fechar Brasília” e pressionar o Senado a votar o impeachment de ministros do STF. Outro investigado que foi indiciado no relatório foi o jornalista Oswaldo Eustáquio. Em 2021, ele organizou lives com o Zé Trovão para chamar as pessoas a se manifestar contra o STF. Em nota, Eustáquio afirmou que é vítima de “perseguição política”.

“A tardia conclusão do inquérito 4879, iniciado em 2021, revela apenas que a perseguição política sobre conservadores continua. A manifestação de 7 de setembro é a prova real que nunca tivemos objetivo de uma ruptura institucional, já que foi uma manifestação organizada, com liderança e que não quebrou nenhum patrimônio público (…). Nosso protesto pedia e ainda pede o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, que tem abusado de seus poderes na relatoria de inquéritos sem fim”, escreveu ele.

(Foto: Montagem/Reprodução/Instagram/Divulgação/Câmara dos Deputados)

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