O governador e o irmão de criação de Castro, Vinícius Sarciá, são suspeitos de desviar recursos de programas do governo estadual
A Polícia Federal (PF) indiciou o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), por corrupção e peculato. O irmão de consideração do governador, Vinicius Sarciá, também foi indiciado pelos mesmos crimes. O governador é suspeito de ter recebido propina e de ter envolvimento em um esquema que desviava recursos de programas do governo no período em que ele era vereador e vice-governador.
A PF cumpriu mandados de busca e apreensão e um dos alvos foi Sarciá, que no governo de Castro foi nomeado para trabalhar na Agência de Fomento do Rio. Ele saiu do posto quando se tornou investigado.
Com o pedido de indiciamento, caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir agora se apresenta uma denúncia, se pede mais diligências à PF ou se arquiva o caso. A defesa de Castro afirmou que pedirá a nulidade da investigação e que as acusações são “infundadas”.
O relatório da investigação foi encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) no início de julho e está sob sigilo. O relator do caso, o ministro Raul Araújo, encaminhou o parecer da PF à Procuradoria-Geral da República (PGR), que irá analisar se existem elementos para apresentar uma denúncia ou se há a necessidade de outras diligências.
A conclusão das investigações foi revelada pelo portal Uol e o jornal O Globo. Segundo as apurações, o governador recebeu aproximadamente R$ 400 mil em pagamentos indevidos entre 2017 e 2019, período em que foi vereador do Rio e vice-governador. O relator do caso é o ministro Raul Araújo.
Em nota, a assessoria de Cláudio Castro informou que a sua defesa “está entrando com um pedido para anular o relatório da PF” e que “ele confia na Justiça e está seguro de que tudo será esclarecido até o fim do processo legal”. “Causa estranheza o fato de, em todos esses anos, o governador sequer ter sido convocado a prestar qualquer esclarecimento sobre os fatos”, diz o texto.
“As informações que sustentam a investigação são infundadas e a defesa reitera que tudo se resume a uma delação criminosa, de um réu confesso, em documentos que estão sob segredo de Justiça e continuam a serem vazados, o que vem sendo contestado junto aos Tribunais Superiores em razão de sua absoluta inconsistência”, acrescentou a nota.
Em 20 de dezembro do ano passado, o irmão do governador Vinicius Sarciá foi alvo de mandados de busca e apreensão da PF. Os agentes encontraram na residência dele um montante de R$ 128 mil e US$ 7,5 mil em dinheiro vivo. Na ocasião, também foram apreendidas anotações e planilhas com nomes, valores e porcentagens.
Em uma decisão obtida pela GloboNews, o ministro Raul Araújo destacou que Cláudio Castro recebeu propina em dinheiro vivo em casa, no estacionamento de um shopping, na casa de um assessor e na sede de uma empresa com contratos com o Estado. Ele também teria sacado propina nos Estados Unidos, durante uma viagem à Disney, depois que o suborno foi depositado pelo empresário na conta bancária do atual governador, no Brasil.
Conforme as investigações, as irregularidades teriam sido praticadas durante a execução dos projetos Novo Olhar, Rio Cidadão, Agente Social e Qualimóvel. No período abarcado pela investigação, diz a PF, uma organização criminosa “penetrou nos setores públicos assistenciais sociais” do estado, obtendo vantagens econômicas e políticas indevidas ao tentar direcionar a execução dos projetos sociais para seus redutos eleitorais.
As ações são um desdobramento da Operação Catarata, que desde 2019 apurava fraudes na Fundação Leão XIII, responsável por políticas de assistência social no Rio. No decorrer do processo, depoimentos do delator Marcus Vinícius de Azevedo, ex-assessor de Cláudio Castro na Câmara do Rio, relataram supostos repasses de propina ao político quando ele ocupou os cargos de vereador e de vice-governador.
Castro é o quarto governador seguido do Rio a ser acusado de corrupção pela PF. Wilson Witzel, Luiz Fernando Pezão e Sérgio Cabral também foram formalmente acusados.
(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)