O tenente-coronel André Luís Cruz Correia atuava na segurança direta do atual presidente da República e teve a exoneração do cargo determinada após o caso. O GSI diz que o tenente-coronel não pode ser julgado por integrar o grupo sem saber se houve interação ou participação ativa
Novo relatório da Polícia Federal (PF), feito com base na apreensão do celular do tenente-coronel Mauro Cid, que atuava como ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), revelou que tanto ele, como um membro da equipe de segurança do atual presidente Lula (PT), estavam em um grupo de WhatsApp com outros militares da ativa que defendiam abertamente um golpe de estado e faziam ameaças ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O segurança é o tenente-coronel André Luis Cruz Correira, que chegou a viajar com Lula. A informação de que ele estava no mesmo grupo golpista que Cid foi apurada por Andréia Sadi e Matheus Moreira, do g1, que levaram o caso ao Palácio do Planalto. Correira, que era subordinado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foi exonerado.
Correia era subordinado ao GSI e, de acordo com fontes do governo, desempenhava um papel na segurança direta de Lula. Ele inclusive participou de viagens recentes junto ao presidente, incluindo uma à Bélgica. A revelação de que Correia estava envolvido no grupo do WhatsApp com propósitos golpistas intensificou as tensões nos bastidores entre a Polícia Federal e o GSI. Enquanto a PF vem defendendo desde 2022 que a segurança presidencial seja de responsabilidade dela, o presidente Lula optou por um modelo híbrido com o GSI no comando, a fim de evitar conflitos com os militares.
No âmbito do GSI, o incidente envolvendo Correia é considerado apenas mais um episódio na contínua disputa. Membros desse órgão afirmam que o tenente coronel não pode ser julgado apenas por sua associação ao grupo, uma vez que não está claro se ele teve alguma participação ativa nas discussões. Enquanto isso, os investigadores da Polícia Federal estão céticos quanto a mais um episódio que alimenta a desconfiança em relação ao GSI, que já teve membros envolvidos nos incidentes de 8 de janeiro.
Na avaliação da PF, o simples fato de um segurança encarregado da proteção do presidente estar envolvido em um grupo com aspirações golpistas é extremamente sério e preocupante. Há inclusive informações de que Correia teria solicitado ajuda a Cid para conseguir uma transferência da Bahia para Brasília, um pedido que teria sido atendido. Por outro lado, o GSI afirma que não se tratou de um pedido de ajuda, mas sim de uma consulta sobre vagas disponíveis na capital federal. Tudo isso teria ocorrido em março desse ano, após os eventos golpistas de janeiro. A nomeação de Correia para a segurança de Lula só aconteceu no final de março.
(Foto: Evaristo Sá/AFP)