PF deflagra operação contra o candidato de Lira para sucedê-lo

Polícia Federal investiga obra que recebeu recursos de emendas direcionadas pelo deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), um dos principais cotados para assumir a presidência da Câmara em 2025, por receber o apoio do presidente Lira. Cidade que recebeu o repasse, Patos (PB) é comandada pelo pai do parlamentar

 

A Polícia Federal (PF) fez uma operação nesta quinta-feira (12) para investigar desvios em obra de R$ 5 milhões realizada em Patos, município do interior da Paraíba, e custeada por emenda indicada pelo deputado Hugo Motta (Republicanos). Filho do prefeito de Patos, Nabor Wanderley, o parlamentar é candidato a suceder Arthur Lira (PP-AL) no comando da Câmara dos Deputados.

Lira, inclusive, já anunciou apoio a Motta e já o apresentou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro, que deram aval a sua candidatura. Líder do Republicanos na Câmara, o deputado ganhou força na disputa pelo comando da Casa após o presidente do seu partido, deputado Marcos Pereira (SP), desistir de sua candidatura.  A escolha de Lira desapontou outros aliados, como Antonio Brito (PSD-BA), Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), que buscavam sua indicação para se consolidarem na disputa.

A assessoria de Hugo Motta afirmou que ele não é investigado nem suspeito. Em nota, a PF disse que relatórios de auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) identificaram “indícios de conluio entre licitantes, cláusulas restritivas de concorrência no edital, superfaturamento em aditivos contratuais e manipulação de planilhas”.

A Justiça Federal ainda autorizou “sequestro de bens móveis e imóveis pertencentes aos investigados, no valor de R$ 269.108,21, referente ao superfaturamento identificado”, segundo a PF. A operação foi realizada em conjunto com o Ministério Público Federal e a CGU. Se as suspeitas forem comprovadas, os investigados poderão responder por crimes como frustração do caráter competitivo, pagamento irregular em contrato administrativo, peculato, crimes tributários e lavagem de capitais, segundo a PF.

O contrato de R$ 4,2 milhões para obra de restauração de avenidas e ruas do município foi assinado em 2021 entre a prefeitura de Patos e a empresa Cesarino Construções. O valor dos serviços alcançou R$ 5,07 milhões após aditivo contratual.

A investigação aponta que a construtora apresentou um desconto para vencer a disputa pelo contrato e, mais tarde, utilizou aditivos para aumentar o valor da obra e desviar recursos. O recurso para a obra foi indicado em 2020 por Motta por meio de emendas de relator, modalidade de repasse que seria declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) dois anos mais tarde. A verba foi usada em convênio assinado entre o Ministério do Desenvolvimento Regional e a Prefeitura de Patos.

O candidato à sucessão de Lira indicou ao menos R$ 45 milhões em emendas desse tipo entre 2020 a 2022 para a cidade que tem o pai como prefeito e já foi comandada por avós seus. Nabor já havia sido prefeito de 2005 a 2012. Nos quatro anos seguintes, a cidade foi comandada pela avó materna do candidato a presidente da Câmara, Francisca Motta, atual deputada estadual.

Pai do atual prefeito e avô paterno de Hugo Motta, Nabor Wanderley também foi chefe do Executivo local na década de 1950, quando sucedeu o próprio irmão. Já o avô materno de Motta foi eleito deputado federal e estadual em diversos mandatos

Nas últimas décadas, a família de Motta ocupou o poder municipal em mais de uma ocasião. Parte das disputas a prefeito se deu contra nomes de outro ramo da família Wanderley —o nome completo do deputado é Hugo Motta Wanderley da Nóbrega. diversos mandatos

Nas últimas décadas, a família de Motta ocupou o poder municipal em mais de uma ocasião. Parte das disputas a prefeito se deu contra nomes de outro ramo da família Wanderley —o nome completo do deputado é Hugo Motta Wanderley da Nóbrega.

(Foto: Reprodução)

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