Resposta do Departamento de Justiça pode identificar se o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros investigados utilizaram certificados falsos de vacinação para entrar no país e “novas condutas ilícitas”, de acordo com corporação
A Polícia Federal (PF) ainda está aguardando informações do governo dos Estados Unidos para determinar se Jair Bolsonaro (PL) e outros investigados utilizaram certificados falsos de vacinação para entrar no país. Segundo a PF, caso as suspeitas sejam confirmadas, “novas condutas ilícitas” relacionadas ao caso poderão ser identificadas. A PF indiciou Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudantes de ordens do ex-mandatário, além de outras 15 pessoas, pelos crimes de crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público no âmbito das investigações sobre as fraudes nos cartões de vacinação.
O governo brasileiro realizou um acordo de auxílio jurídico com o Departamento de Justiça americano para esclarecer os fatos. Bolsonaro e outros investigados viajaram ao país no dia 30 de dezembro de 2022, penúltimo dia de seu governo. Na época, os Estados Unidos exigiam a comprovação de vacinação para entrada. “A investigação aguarda os dados decorrente do Auxilio Jurídico em matéria penal solicitado junto ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos – DOJ, que podem esclarecer se os investigados fizeram uso dos certificados de vacinação ideologicamente falsos quando da entrada e estadia no território norte-americano, podendo configurar novas condutas ilícitas”, afirma o relatório da PF, de acordo com reportagem do jornal O Globo desta terça-feira (19).
A PF indiciou nesta terça-feira Bolsonaro e outros 16 pessoas pelo suposto esquema de fraude em cartões de vacina. Segundo a PF, Mauro Cid disse, em delação premiada firmada com a corporação, que Bolsonaro, ao saber que o tenente-coronel “possuía cartões de vacinação contra a Covid-19 em seu nome e em nome de seus familiares”, ordenou que o auxiliar também forjasse comprovantes para ele e para sua filha, Laura Bolsonaro, de 12 anos. Naquele momento, alguns países exigiam o documento para que um visitantes pudesse entrar.
As investigações da PF apontaram também que os documentos de imunização no aplicativo ConecteSUS foram impressos em um equipamento de impressão no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. “O colaborador ainda afirmou que imprimiu os certificados e entregou em mãos ao então Presidente da República JAIR MESSIAS BOLSONARO”, diz o relatório produzido pela PF.
Os detalhes de como se deu a falsificação está no relatório final da investigação. A PF montou uma linha do tempo dos acontecimentos. Às 7h57 do dia 22 de dezembro de 2022, há um registro de entrada de Mauro Cid no Alvorada. Um minuto depois, ele fez login em um dos computadores do local. Às 7h59, acessou a conta de Bolsonaro no ConecteSUS, aplicativo do Ministério da Saúde. Em seguida, às 8h, emitiu o certificado.
Mauro Cid relatou em seu acordo de delação premiada que, posteriormente, o coronel Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, rasgou os certificados falsos de vacinação de Bolsonaro e de sua filha e determinou a exclusão dos registros de que os dois teriam tomado o imunizante contra a Covid-19. Para a Polícia Federal (PF), o episódio faz parte de uma tentativa de “apagar os rastros das condutas criminosas”.
(Foto: Reuters)