Pesquisa Genial/Quaest: críticas a Israel derrubam aprovação de Lula entre evangélicos

Levantamento mostra que 60% dos entrevistados consideram que Lula exagerou ao comparar o genocídio palestino ao Holocausto, mas entre os evangélicos a rejeição foi maior. Aumento dos preços nos supermercados também ajudou na ampliação da rejeição

 

A queda na aprovação pessoal e do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), retratada na pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (6), encontra explicação em duas vertentes cruciais para a disputa eleitoral, tanto em outubro, nos municípios, quanto a de 2026, no embate direto com o bolsonarismo. De acordo com o levantamento, desde dezembro, Lula teve uma queda de 3 pontos percentuais – de 54% para 51% – na aprovação de seu trabalho. O mesmo ocorreu inversamente com a desaprovação, que cresceu de 43% para 46%.

Em relação ao governo, a queda de avaliação positiva foi de um ponto no período – 36% para 35%. A reprovação, no entanto, saltou 5 pontos, de 29% para 34% – com queda de 32% para 28% entre aqueles que classificam a gestão petista como regular. No entanto, para entender as duas vertentes que derrubaram a popularidade de Lula é preciso ampliar essa visão até agosto, quando a Quaest registrou o melhor índice pessoal do presidente – 60% aprovam contra 35% desaprovam – e do governo – 42% positivo e 24% negativo. A partir de agosto, o índice entrou em queda livre. A aprovação a Lula caiu 9 pontos e a avaliação positiva do governo encolheu 7 pontos. Por outro lado, a desaprovação do presidente saltou de 11 pontos e a do governo 10 pontos.

Entre os evangélicos, 62% desaprovam Lula, enquanto 35% o aprovam. Esse índice de desaprovação cresceu 6 pontos percentuais desde a última pesquisa, enquanto a aprovação diminuiu na mesma magnitude. Diretor da Quaest, Felipe Nunes aponta uma razão para o aumento da rejeição a Lula entre os evangélicos: a fala do presidente que comparou o genocídio do povo palestino promovido por Israel ao Holocausto. “A reação às falas de Lula comparando o que acontece em Gaza com o que aconteceu na 2ª Guerra Mundial parece dar boas pistas para explicar essa queda na avaliação do governo entre os evangélicos”, explicou Nunes pelo X, antigo Twitter.

“Como já mostrado, 60% dos brasileiros consideram que Lula exagerou na comparação. Mas entre os evangélicos a rejeição à fala de Lula foi ainda maior: 69%! Ou seja, as declarações de Lula sobre Israel parecem ter ajudado a derrubar a avaliação do governo entre evangélicos, o que parece ter levado a avaliação ao seu nível mais baixo na série histórica”, complementou.

Nunes também destacou que a própria base eleitoral de Lula teria discordado de sua afirmação: “as declarações foram tão mal recebidas que o presidente não conseguiu apoio majoritário nem dentro da sua base eleitoral. Entre quem votou em Lula, 45% apoiaram a posição do presidente e 43% rejeitaram. No bolsonarismo, 85% acreditam que o presidente exagerou. Para entender o tamanho do estrago, entre quem acha que Lula exagerou na comparação (60% da população), 60% desaprovam o governo. Entre quem acredita que não houve exagero por parte do presidente (28% da população), 78% aprovam seu governo”.

Economia

A popularidade de Lula também está diretamente relacionada ao preço dos alimentos nos supermercados. A própria Quaest revela que até agosto, a perspectiva de queda no preço dos alimentos era crescente, chegando a 36%. Depois disso, houve uma ligeira queda até dezembro, quando 32% ainda diziam que houve queda no preço dos alimentos. De lá pra cá, esse índice despencou e atualmente apenas 13% dos entrevistados afirmam que os preços dos alimentos estão em queda.

Por outro lado, 73% afirmam que os preços dos alimentos subiram. Essa percepção era de 37% em agosto de 2023 – menor índice da série – e subiu de forma vertiginosa a partir de dezembro, quando 48% afirmavam que os preços subiram. Dados do IBGE mostram que os preços dos alimentos quedas frequentes até setembro de 2023. Em outubro, a alta foi de 0,31%, pós quedas de 0,66% em junho, 0,46% em julho, 0,85% em agosto e 0,71% em setembro.

A partir daí, o supermercado passou a ficar mais caro, especialmente para a classe média e média baixa, com a inflação acelerando em itens básicos como pepino (25,75%) batata (11,23%), cebola (8,46%), arroz (2,99%) e carnes (0,53%). Frutas também tiveram aumento considerável, como laranja lima (14,05%), manga (13,05%) e tangerina (8,46%).

Além disso, o azeite praticamente foi riscado da lista de compras da classe média, com alta de até 80% desde agosto passado devido aos baixos estoques globais. O impacto econômico também encontra eco no preço das contas de serviços residenciais, como luz e água, que subiram para 63%. E também dos combustíveis, considerados mais caros para 51% dos entrevistados.

A alta dos preços de itens básicos refletiu diretamente na expectativa da população em relação à economia nos próximos 12 meses. Aqueles que acreditam que a economia vai melhorar passaram de 59% em agosto para atuais 46% – em fevereiro de 2023, no início do mandato de Lula, 62% apostavam na melhora da economia.

Até mesmo entre declarados eleitores de Lula, a expectativa econômica vem caindo de forma recorrente, passando de 86% que apostavam em melhor no início do mandato para atuais 69%. Já entre os bolsonaristas, apenas 18% acreditam em melhora econômica e 59% apostam na piora – o maior pessimismo desde fevereiro de 2023.

(Foto: Reprodução/Rede TV)

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