Personalidades afro religiosas recebem homenagens em Ananindeua

Ananindeua  –   No salão da Associação Comercial de Ananindeua (ACIA), foi realizada a sessão especial de outorga do mérito afro religioso: Comenda “Pai Ayrton Soeiro”. A comenda foi uma proposição da Secretaria Municipal de Gestão de Governo (SEGOV), por meio do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR), aprovada pela Câmara Municipal por meio da resolução Nº 003/2023, que visa reconhecer e homenagear pessoas que atuam no sacerdócio e colaboram para o desenvolvimento das tradições de matrizes africanas e do culto do Candomblé no município de Ananindeua.

Em uma manhã de muita festa e emoção para os praticantes das religiões de matrizes africanas de Ananindeua, mais um passo em direção à igualdade, respeito e liberdade às crenças, cultura e manifestações religiosas foi dado, um princípio fundamental garantido pelo artigo 5º da Constituição Federal brasileira.

A coordenadora da COMPIR, Ana Poty Medeiros, destacou a importância do evento para o reconhecimento e a valorização das religiões de matrizes africanas e do culto do Candomblé por meio da Comenda Pai Ayrton Soeiro.

“É um passo importante para combater o preconceito e a perseguição que essas comunidades enfrentam. A iniciativa de homenagear 25 casas, sacerdotes, cuidadores e zeladores demonstra um comprometimento real com a promoção da igualdade racial e religiosa em Ananindeua”, falou a coordenadora.

A criação do Conselho Municipal de Igualdade Racial, que discute e propõe soluções para as problemáticas enfrentadas pelos diversos segmentos da população negra, é fundamental para promover a conscientização e a defesa dos direitos dessas comunidades. A luta contra o preconceito e a perseguição religiosa é uma batalha constante, complementou Ana Poty Medeiros.

Neta do Pai Ayrton Soeiro, a professora de escola técnica, artista de terreiro, cantora e compositora, Rita Souza, falou um pouco do legado do líder espiritual e seu trabalho, amor próximo, serviços à sociedade e honra aos ancestrais, que se perpetuam até os dias de hoje.

“Nosso amado avô, que construiu junto àqueles que o acompanhavam – meu pai, minha mãe, meus tios – uma linda história de amor pelo Axé. Desde o tempo da Senzala, os pretos são maltratados, são perseguidos, e quando falamos hoje da comenda ‘Pai Ayrton Soeiro’, é como se estivéssemos vivendo uma segunda abolição. Falar de axé é falar de amor, solidariedade, respeito; é seguir o legado que Pai Ayrton Soeiro nos deixou”, falou emocionada Rita Souza, que foi uma das personalidades afro religiosas a receber a comenda com o nome de seu avô.

O professor, pedagogo e historiador pela Universidade Federal do Pará, João Conceição, que também é zelador de santo da casa e instituto Xangô Ayrá no bairro do Curuçambá, estava emocionado por receber a comenda e feliz por fazer parte dessa história que se entrelaça com sua história de vida. Além disso, estava entusiasmado por ver tantas pessoas envolvidas nesse dia histórico para as religiões de matrizes africanas.

“É realmente inspirador ver o reconhecimento e a valorização da história e do legado de Pai Ayrton. Sua dedicação à matriz africana e sua luta pela igualdade racial e religiosa são fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. É maravilhoso ver tantas pessoas engajadas não apenas na parte religiosa, mas também no trabalho social e na defesa de importantes pautas da nossa sociedade”.

João Conceição disse ainda que a comenda traz mais força e inspiração. “Parabéns a todos por fazerem parte dessa história e por continuarem fortalecendo esses valores. Suas atuações são fundamentais para promover mudanças positivas em nossa comunidade. E que esta comenda traga ainda mais força e inspiração para seguir em frente com este belíssimo trabalho”, expressou João Conceição.

É preocupante ver que as religiões de matrizes africanas ainda enfrentam tanto preconceito e perseguição; não pode ser mais aceito que as pessoas sejam impedidas de praticar suas crenças ou usar seus trajes rituais; menos ainda que casos de racismo e desrespeito às práticas sagradas continuem acontecendo.

A liberdade religiosa é um direito fundamental; o evento desta quarta-feira, dia 17, foi de extrema importância para Ananindeua onde o poder executivo e legislativo por meio de seus representantes iniciaram diálogos para propostas futuras de políticas públicas de combate à intolerância religiosa, e para garantir que todas as crenças sejam respeitadas e protegidas. (Texto de Denis Baima  / Foto: Comunicação Ananindeua)

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