Paulo Teixeira rebate Stédile sobre ‘pior ano de todos’: ‘Maior número de famílias assentadas desde 2015’

Ministro do Desenvolvimento Agrário desmentiu a fala do líder do MST em um vídeo de fim de ano. Segundo ele foram assentadas 7, 2 mil famílias ao longo deste ano e as metas para o próximo ano serão estabelecidas no mês de março

 

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, rebateu o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, ao afirmar que 2023 foi o ano com maior número de famílias assentadas no país desde 2015. A fala contesta a declaração do ativista em uma mensagem de Natal de que o primeiro ano do terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria sido o “pior história” neste aspecto para o grupo.

Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, foram assentadas 7.200 famílias neste ano. Teixeira disse ainda que as metas de assentamento do próximo ano serão definidas em março. Ele afirmou ainda que, em 2024, serão destinadas a assentamentos terras que estão no estoque do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e áreas públicas destinadas à reforma agrária. Também serão usadas terras que serão transferidas de grandes devedores da União e outras desapropriadas para fins de reforma agrária.

“Nós retomamos a reforma agrária que estava paralisada desde 2015. Assentamos 7.200 famílias e regularizamos outras 40 mil em 2023. Este é o maior número desde a paralisação. Inexistiam recursos no orçamento deixado para este ano e ele ainda é modesto em 2024. Aí reside a crítica do Stédile”, disse o ministro às reportagens do O Globo e do Painel da Folha.

Um dos principais nomes do movimento e atualmente membro da coordenação nacional do grupo, Stédile amenizou o tom usado pelo movimento em outros momentos no vídeo publicado no site da entidade e responsabilizou a gestão passada, de Jair Bolsonaro, pelo cenário atual. “Em termos de famílias assentadas, é o pior ano de todos os 40 anos do MST. Mas nós compreendemos. Faz parte da luta”, pontuou o líder do movimento no vídeo.

“A vitória (petista nas urnas) alimentou muitas expectativas com o governo Lula. Pudemos avançar em muitos temas e em outros estamos parados. Faltaram recursos, porque o orçamento era do governo passado, e, de certa forma, o Estado brasileiro, com o desmonte que houve nos seis anos de governos fascistas, impediu que agora a máquina se voltasse para as necessidades dos trabalhadores”, disse Stédile.

Estratégias

O ministro antecipou que entre as estratégias que devem ser adotadas no ano que vem está a destinação de terras que atualmente compõem o estoque do Incra e áreas públicas destinadas para a reforma agrária. Teixeira sinalizou que também serão utilizadas terras transferidas de grandes devedores da União, bem como aquelas que forem desapropriadas para reforma agrária.

Em um ano marcado por embates e tensões com o governo Lula, o movimento realizou em outubro atos críticos à gestão petista em diferentes capitais do país no Dia Mundial da Alimentação. Em um texto publicado em seu site oficial na ocasião, o MST reclamou de supostas “lentidão, falta de orçamento e incapacidade” da gestão petista na questão agrária, uma bandeira histórica da esquerda e do PT, partido do presidente Lula.

“Até o momento, não houve nenhuma política de assentamento realizada no estado de São Paulo, tampouco a destinação de créditos ou contratos de compra de alimentos por parte do governo via Conab, o que gera um descontentamento em nossa base social que se empenhou arduamente em todo o território nacional para eleger este governo”, dizia um trecho do conteúdo.

A relação entre o Planalto e o movimento vem sendo marcada por sucessivas tensões desde o início do ano, com aumento no número de invasões de terra — sobretudo no chamado “Abril vermelho”, jornada anual de atos do MST. No outro extremo, o governo lida também com pressões constantes por parte de setores do agronegócio e da oposição.

(Foto: Reprodução – Câmara dos Deputados/Lula Marques)

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